

O júri de quatro pessoas acusadas de espancar até a morte um rapaz de 26 anos foi cancelado na manhã desta quarta-feira (26) no Fórum Dr. Carvalho de Mendonça, no Centro de Três Pontas.
O crime ocorreu no final de maio de 2021 e chamou a atenção da região devido aos requintes de crueldade praticados pelos denunciados, que culminaram na morte de Gustavo Henrique Silva, conhecido como “Gustavinho”.
A sessão do júri estava marcada para começar às 9h. Os réus já estavam no Fórum, sob forte esquema de segurança da Polícia Militar. Os jurados foram chamados ao Salão do Júri, juntamente com os advogados de defesa e acusação. No entanto, cerca de uma hora depois, familiares dos envolvidos, que aguardavam do lado de fora, foram informados do cancelamento. De acordo com o advogado Dr. Francisco Braga Filho, defensor de um dos réus, a suspensão ocorreu devido à juntada de novos documentos ao processo fora do prazo permitido. Como as partes envolvidas não foram devidamente intimadas, a realização do júri poderia levar à anulação do julgamento.
Porém, a defesa de um dos acusados que vai júri, Dra. Amanda Quental entrou em contato com a reportagem, para esclarecer que a alegação que documento teria sido apresentado fora do prazo legal não condiz com a realidade processual. Segundo a defesa de um dos réus, isso ocorreu no prazo legal de três dias úteis, conforme o Código Processual Penal determina.
A decisão foi publicada em ata pelo Poder Judiciário, acrescentando que a peça é fundamental para a ampla defesa de seu cliente, uma vez que revela elementos essenciais sobre os fatos apurados, inclusive contrariando versões apresentadas.
A previsão inicial era de que a sessão duraria três dias.
Segundo apuração da Equipe Positiva, ainda não há previsão para a remarcação do júri.
Relembre o caso
Gustavinho foi brutalmente agredido por dois homens na Rua Dr. Carvalho de Mendonça, devido a um suposto furto cometido na casa do principal autor do crime. Durante o ataque, ele implorou para que parassem, mas foi arrastado, colocado em uma caminhonete e levado até um cômodo comercial, onde a tortura continuou, com os agressores chegando a fotografá-lo. Socorrido pelo SAMU, ele morreu dois dias depois.
Três acusados de envolvimento na morte foram presos um mês após o crime. Dois homens, de 23 e 32 anos, e uma mulher de 25 anos estavam escondidos em São Miguel Paulista, na zona leste de São Paulo (SP), e se apresentaram três meses depois na Delegacia de Polícia de Três Pontas, acompanhados por advogados.
O principal executor da morte de Gustavinho foi preso apenas em dezembro de 2022, em Bertioga, no litoral paulista. A Polícia Civil informou que, desde o crime, vinha atuando para localizar o acusado, que na época tinha 30 anos. Devido à sua periculosidade, a equipe de policiais de Três Pontas contou com o apoio do Departamento de Operações Policiais Estratégicas (D.O.P.E) da Polícia Civil de São Paulo. Sem saber exatamente onde ele estava, foram cumpridos 10 mandados de busca e apreensão.
Segundo o delegado Dr. Gustavo Gomes, na época da prisão, o acusado estava morando em um quarto alugado em um sobrado. Durante as buscas, a polícia encontrou drogas, (maconha e pinos de cocaína) dinheiro, resultando também em sua prisão em flagrante.
O acusado está detido na Penitenciária de Três Corações, à disposição da Justiça.
A vítima também tinha envolvimento com o crime de dezenas de passagens por furtos. Ainda segundo a Polícia Civil na época, os envolvidos foram denunciados por homicídio triplamente qualificado, com penas que variam de 12 a 30 anos de prisão.
