Gustavo Canalonga revela no”Revirando a Lata do Lixo me Encontrei” os 30 anos de dependência química e os 11 anos em que contraiu a Aids
O ativista da Casa Amor e Vida, de Varginha, Gustavo Tavares Canalonga, lançou em Três Pontas nesta terça-feira (02), a sua autobiografia “Revirando a Lata do Lixo me Encontrei”. Ela une fatos de sua conturbada história com elementos de ficção para mostrar que a Aids é uma doença que não tem cura e também não tem cara – não escolhe raça, credo, classe social. De manhã o lançamento aconteceu no Presídio local e a tarde no Plenário Presidente Tancredo Neves, onde autoridades, profissionais da área da saúde, servidores da Prefeitura e alguns jovens da comunidade se reuniram.
Quem chegava recebia preservativos masculinos e gel lubrificante, além de material assinado pelo Movimento Gay de Alfenas e do Ministério da Saúde explicando sobre as Doenças Sexualmente Transmissíveis. Dezembro é o mês vermelho, de conscientização as doenças sexualmente transmissíveis e o dia 1º foi comemorado o Dia Mundial de Luta contra a Aids.
Quem voltou aos holofotes em Três Pontas falando da Aids foi a sexóloga Dra. Adélia Maria Batista, ex-coordenadora do Programa Estadual de DST/AIDS de Minas Gerais. Com seu jeito franco e aberto de explicar as consequências da doença. Ela foi à Tribuna para noticiar que o número de infectados está crescendo entre os adolescentes e jovens, que tem entre 12 e 25 anos e que a Secretaria de Estado da Saúde tem dificuldade em trabalhar a sexualidade nas escolas. O motivo talvez, seja uma barreira tradicionalista que impeça e por isto Minas Gerais está atrasada há mais de 20 anos segundo Adélia, tanto é que há uma dificuldade moral em mostrar as estatísticas, que hoje são desconhecidas.
Quando estava a frente da coordenação do DST/Aids em Três Pontas, em 2007, o Município era a terceira cidade de Minas em número de portadores da doença.
Amiga há mais de 10 anos de Gustavo Canalonga, ela expôs a luta e a coragem dele em mostrar sua condição de doente e além disso, de transformar sua história, real e cruel em um livro. “O Gustavo teve um crescimento espiritual enorme, viajou pelo Brasil viu a necessidade e a urgência de se colocar dentro de Varginha e do Sul de Minas um trabalho que possa ser nacional” acrescentou a sexóloga.
Atualmente Dra. Adélia está trabalhando no Programa Saúde Família (PSF) Rural, atendendo na Região do Distrito do Quilombo Nossa Senhora do Rosário, Morro Vermelho e Pontalete. Está satisfeita no local e lá pediu para ficar, se dirigindo ao prefeito Paulo Luis Rabello (PPS) que estava na bancada junto ao vice Érik dos Reis Roberto (PSDB), o presidente da Câmara Sérgio Eugênio Silva (PPS), o secretário de Saúde Hermógenes Vanelli, a vice presidente da Casa Amor e Vida Leila Maria Ferreira de Mesquita Cabral, que trabalha a conscientização às doenças sexualmente transmissíveis com foco na Aids e vai às comunidades e reúne estudantes e inclusive as profissionais do sexo que trabalham nas rodovias.
O encontro do ativista Gustavo Canalonga com o prefeito Paulo Luis foi por acaso, em um restaurante de Três Pontas. Ao expor seus projetos, recebeu o convite para lançar o “Revirando a Lata de Lixo me Encontrei” aqui na cidade. Vivendo 30 anos da dependência química, ele tenta, com a obra, alertar outras pessoas sobre o perigo das drogas e do sexo sem proteção. Gustavo é soro positivo a 11 anos, e o livro busca conscientizar as pessoas, sobretudo os jovens, de que o contágio pode acontecer em qualquer descuido e que ele não escolhe, idade, cor ou classe social. Ao notar que os jovens estão “corajosos” demais perante aos comportamentos de risco, surgiu a ideia de escrever o livro, selecionando as histórias das quais se poderia retirar exemplos e lições.
O médico que integra a equipe da Casa Amor e Vida, o Reumatologista Adrian Nogueira Bueno contou desde o surgimento da doença, suas formas de contágio e apresentou vários dados sobre a Aids e outras doenças. Impactou as pessoas que estavam no Plenário com imagens fortes das conseqüências que a doença traz, junto com outras que também ajudam a piorar o estado de saúde daqueles que não se cuidam. Deixou claro que o assunto deve fazer parte do dia a dia, em casa, no trabalho e em todos os lugares e a que a camisinha deve estar sempre no bolso, de homens e mulheres para ser usada.
Gustavo Tavares Canalonga é maquiador e cabeleireiro profissional e foi professor de postura e passarela por muitos anos e também cursou a faculdade de Comunicação Social. Manteve um programa na TV aberta e um programa de rádio, ambos com grande audiência e a Revista Camarim, além de ter sido colunista social por mais de 20 anos. Hoje, é ativista da causa Gay e trabalha na conscientização de DST/Aids e Drogas, além de palestrar sobre os temas desde então em todo o país, inclusive no exterior, em alguns países da Europa. Suas atividades deram origem à Casa Amor e Vida, entidade de orientação e apoio às vítimas de violência e exclusão e aos grupos de minorias, principalmente a comunidade GLBTS. A primeira edição do livro foi doada para a Casa Amor e Vida.
O livro está sendo trocado por uma lata de Sustage, mas alguns jovens foram presenteados com um exemplar.