Por Mariana Tiso, para Equipe Positiva

A partir de hoje, segunda-feira, 1º de setembro, às 7h da manhã, a Santa Casa de Misericórdia do Hospital São Francisco de Assis de Três Pontas passou a ser a responsável pela gestão do Pronto Atendimento Municipal (PAM). O anúncio foi feito pelo Provedor Michel Renan Simão Castro, em entrevista à Equipe Positiva, na qual destacou o esforço conjunto com a Prefeitura Municipal e o compromisso de oferecer melhorias graduais e significativas no atendimento à população.

Segundo Michel Renan, o processo de transição envolveu longas negociações com a administração municipal. “Ficou tudo ajustado: a gestão será pela Santa Casa, mas com acompanhamento de um conselho formado por representantes da prefeitura, que atuarão como observadores em todos os processos. Foi um processo longo, mas buscamos o que há de melhor para todas as partes, sempre pensando no benefício dos usuários”, explicou.

A mudança também atende a exigências legais: caso o pronto atendimento continuasse sob gestão da prefeitura, a Santa Casa poderia perder cerca de R$ 3 milhões por ano em receitas, valor que seria cortado pelo Ministério da Saúde.

O provedor da Santa Casa Michel Renan Simão Castro assume um novo desafio na saúde de Três Pontas

Mudanças no atendimento

Michel adiantou que os ajustes não serão apenas administrativos, mas também estruturais. “Vão haver muitas mudanças, mas de forma gradual, para que não haja impacto brusco. Questões físicas também serão modificadas. Peço à população um pouco de paciência, porque toda mudança causa algum desconforto, mas nosso objetivo é melhorar o atendimento”, disse.

A escala médica também será reorganizada. O atendimento será dividido por níveis de urgência:

  • Dois médicos atenderão pacientes classificados nas fichas verde e azul (casos de menor risco).
  • Um médico emergencista ficará responsável pelas fichas amarela e laranja, além dos casos de emergência.

“Estamos falando de um profissional preparado para identificar situações que podem evoluir para urgência. Assim, os protocolos serão seguidos corretamente, com mais agilidade e segurança para os pacientes”, completou.

Funcionários e treinamentos

Com a mudança de gestão, parte dos funcionários do PAM optou por permanecer e foi absorvida pela Santa Casa. Outros pediram desligamento, e novas contratações foram feitas por meio de processo seletivo. Atualmente, o PAM contará com 45 colaboradores e cerca de 20 médicos plantonistas. “Todos passaram por treinamentos de humanização e acolhimento, como já fazemos na Santa Casa. Quero agradecer de antemão a todos que passaram pelo PAM até aqui e salvaram muitas vidas”, destacou Michel.

Redução de filas e críticas da população

O maior alvo de reclamações da população, segundo o provedor, é a demora no atendimento. Por isso, o novo modelo prevê monitoramento dos tempos de espera. “Todo paciente que chegar passará por uma triagem com tempo de revisão. Claro que, se houver emergências, haverá prioridade, mas a ideia é que os atendimentos sejam mais rápidos e organizados. Caso ocorra atraso porque todos os profissionais estejam atuando em um atendimento grave, a orientação é que os usuários sejam informados com transparência”, afirmou.

Michel também faz alerta sobre o uso do PAM:

“O número de atendimentos é extremamente grande porque muitas pessoas procuram o PAM quando poderiam ser atendidas na atenção básica, ou seja, nos postos de saúde. A população precisa entender melhor quando procurar o Pronto Atendimento. As pessoas são parte da solução, mas também parte do problema. Com essa conscientização, teremos menos reclamações e mais eficiência.”

Melhoria nos processos internos

Um dos pontos centrais da mudança é a unificação dos protocolos de entrada, antes divididos entre prefeitura e Santa Casa. “Antes, o paciente dava entrada pelo sistema da Prefeitura, com determinados fluxos, e depois isso mudava ao chegar à Santa Casa. Muitas vezes um protocolo de medicamento, por exemplo, começava de um jeito e depois era alterado. Agora será um processo único, mais justo e mais eficiente para o paciente”, explicou.

Michel Renan fez questão de agradecer à equipe que participou da transição: o secretário municipal de saúde Felipe Pereira, além de servidores como Jonathan e Michele, que auxiliaram no processo de ajustes. Também destacou o empenho da diretora da Santa Casa, de colaboradores e médicos que participaram do planejamento junto com a clínica médica.

Experiência no Pronto Atendimento infantil

O provedor lembrou ainda da experiência recente com o Pronto Atendimento Pediátrico, já sob responsabilidade da Santa Casa. “Hoje temos mais de 95% de satisfação nesse serviço. Antes, eram muitas reclamações dos pais. Agora, praticamente não temos. E quando há algum caso isolado de insatisfação, buscamos resolver imediatamente. Queremos repetir esse modelo no PAM adulto.”

Um desafio ainda maior

Michel reconhece que a missão de gerir o PAM é desafiadora. “O pronto atendimento é um lugar muito sensível, mas temos certeza de que com planejamento, treinamento e união entre Santa Casa, prefeitura e legislativo, as coisas vão melhorar. A Santa Casa é de todos: minha, sua, de toda a população. Nosso compromisso é transformar essa gestão em benefício para quem mais precisa.”

Por fim, o provedor deixou uma mensagem de esperança: “Ali, fazer o possível é pouco. Nós temos que fazer o impossível, porque ninguém quer estar em uma unidade de saúde. Então, o mínimo que podemos fazer é acolher, atender com humanidade e buscar constantemente a melhora. Tenho certeza que em 30, 60, 90 dias já será possível ver transformações significativas.”

Com a mudança, a Santa Casa reforça seu papel central na saúde pública de Três Pontas, agora ampliando sua responsabilidade para a gestão do Pronto Atendimento Municipal. O novo modelo une esforços da instituição e da Prefeitura, garante protocolos mais unificados, amplia o número de profissionais e aposta em treinamentos de humanização para que a população seja atendida com mais agilidade e dignidade.

O desafio é grande: reduzir filas, organizar fluxos, melhorar a estrutura física e orientar a comunidade sobre quando procurar o PAM. Mas, como destacou Michel Renan, a proposta é que o serviço seja transformado em benefício de todos — desde a porta de entrada até a alta hospitalar. A experiência positiva com o pronto atendimento infantil mostra que é possível, e agora a expectativa é repetir os bons resultados também no atendimento adulto.

A Santa Casa, que já é referência para a região, assume de vez a missão de ser não apenas um hospital, mas uma instituição que pertence a toda a comunidade trespontana, com a responsabilidade de cuidar da saúde de quem mais precisa.

A Equipe Positiva seguirá acompanhando de perto os primeiros dias dessa transição e os impactos para a população, trazendo todas as informações sobre as mudanças no Pronto Atendimento Municipal.

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