Retratos da Fotografia em Três Pontas é a história da Cidade mostrada pelas lentes de seus fotógrafos

Por Mariana Tiso, para Equipe Positiva

Na quinta-feira, 29 de agosto, o Centro Cultural Milton Nascimento se tornará palco para o lançamento de “Retratos a Fotografia em Três Pontas”, um documentário que promete deixar uma marca indelével na memória coletiva da cidade. Idealizado e dirigido por Cintia Duarte, o projeto foi viabilizado pela Lei de Incentivo Paulo Gustavo, com apoio da Prefeitura Municipal e da Secretaria Municipal de Cultura, e busca homenagear a rica história da fotografia em Três Pontas, ao mesmo tempo que preserva o legado dos profissionais que, ao longo dos anos, capturaram momentos que moldaram a identidade da cidade.

Cíntia Duarte – idealizado e diretora do documentário

O documentário, dividido em várias partes, é um testemunho da evolução da fotografia e do impacto que essa arte teve na preservação da memória cultural e histórica de Três Pontas. Segundo Cintia Duarte, a motivação principal para criar o projeto veio da “importância da memória da cidade e da relevância dos fotógrafos, principalmente os mais antigos, na preservação dessa memória”. Através de entrevistas e relatos pessoais, “Retratos a Fotografia em Três Pontas” traça uma linha do tempo que vai desde os primórdios da fotografia em preto e branco até a era digital, destacando as transformações tecnológicas e culturais que acompanharam cada fase.

Um legado em preto e branco

Fotógrafo Clovis Castro

Uma das histórias mais marcantes retratadas no documentário é a do fotógrafo Clovis Castro, um dos pioneiros da fotografia em Três Pontas. Clovis é lembrado não apenas por sua habilidade técnica, mas por ter sido o primeiro fotógrafo da cidade a capturar imagens fora do estúdio, em um tempo em que as câmeras eram grandes, pesadas e dependentes de tripés. “O Clovis ainda pegou essa época”, relembra Cintia. “Ele começou a fazer fotos na rua, sendo o primeiro a fazer isso aqui.” Esse pioneirismo abriu caminho para uma nova era na fotografia local, permitindo que momentos cotidianos e eventos importantes fossem registrados de maneira mais espontânea e dinâmica.

Clovis trabalhou durante muito tempo com filmes em preto e branco e, posteriormente, com filmes coloridos, documentando eventos cruciais como a demolição da antiga igreja de duas torres e a construção da igreja atual, símbolos icônicos de Três Pontas. O documentário mostra como o trabalho de Clovis foi vital para preservar a história visual da cidade, congelando no tempo cenas que, de outra forma, poderiam ter sido esquecidas.

A Transição para a Cor e o Digital

Fotografo Hecio Rafael no documentário

Além de Clovis, outros fotógrafos que fizeram a transição do preto e branco para a fotografia em cores e, eventualmente, para o digital, também são destacados no documentário. Cintia Duarte, ela própria uma fotógrafa, e Hecio Rafael, são exemplos de profissionais que viveram essa transformação tecnológica. “Nós trabalhamos com preto e branco, depois passamos para o filme colorido e, finalmente, para o digital”, explica Cintia. Essa transição não foi apenas uma mudança de técnica, mas também de perspectiva, permitindo que os fotógrafos explorassem novas possibilidades criativas e estéticas.

Fotografa Vanusa Campos no documentário

A inclusão de Vanusa Campos, que começou sua carreira na era da fotografia em cores, e de Milton Lima, que já nasceu na era digital, oferece uma visão abrangente de como a fotografia evoluiu ao longo das décadas. Vanusa, por exemplo, aprendeu as técnicas do preto e branco, mas sua prática profissional foi predominantemente em cores e digital. Já Milton, apesar de ter aprendido sobre filmes na faculdade, desenvolveu todo o seu trabalho no formato digital, representando a nova geração de fotógrafos que cresceu em um mundo onde a imagem digital é a norma.

Histórias que a cidade nunca esquece

O documentário não se limita a narrar a evolução técnica da fotografia, mas também explora os aspectos humanos e culturais dessa prática. Cintia enfatiza que o filme é composto por “casos pitorescos”, histórias que os fotógrafos compartilharam durante as entrevistas e que dão vida às imagens capturadas. “O Clovis, por exemplo, tem muita coisa boa para contar”, diz Cintia. “Ele registrou a demolição da antiga igreja e a construção da nova, cada um tem uma história única para compartilhar.” Essas narrativas pessoais são o coração do documentário, revelando como a fotografia é mais do que uma simples captura de luz e sombra – é uma forma de contar histórias, de preservar memórias e de conectar gerações.

A importância da Lei Paulo Gustavo

Cintia Duarte – diretora do documentário

A realização de “Retratos a Fotografia em Três Pontas” só foi possível graças ao apoio da Lei de Incentivo Paulo Gustavo, uma iniciativa fundamental para o desenvolvimento de projetos culturais no Brasil. Cintia Duarte reconhece o papel vital que a lei desempenhou em possibilitar a criação do documentário, permitindo que a cultura local fosse celebrada e preservada. “Sem esse apoio, seria muito difícil conseguir os recursos necessários para produzir um projeto dessa magnitude”, afirma.

O documentário faz parte de um conjunto de projetos desenvolvidos em Três Pontas através da Lei Paulo Gustavo, cada um abordando um tema específico dentro das modalidades e especificações da lei. Essa diversidade de produções reflete a riqueza cultural da cidade e a importância de iniciativas que incentivem a preservação da memória e da identidade local.

O lançamento

Com direção de arte de Milton Lima, “Retratos a Fotografia em Três Pontas” promete ser uma celebração da fotografia e da história de Três Pontas. O lançamento, que será realizado no Centro Cultural Milton Nascimento, é um evento gratuito e aberto ao público. Além da exibição do documentário, o evento contará com depoimentos dos fotógrafos Clovis Castro, Hecio Rafael, Vanusa Campos e Milton Lima, que compartilharão suas experiências e reflexões sobre o papel da fotografia na preservação da memória da cidade.

Milton Lima, diretor de arte do documentário

“Espero que o público compreenda a importância da fotografia na preservação da história e da cultura local”, conclui Cintia Duarte. “Cada um dos fotógrafos entrevistados tem uma história única para contar, e acredito que o documentário conseguiu capturar isso de uma forma muito especial.”

O documentário “Retratos a Fotografia em Três Pontas” não é apenas um registro da evolução da fotografia; é uma homenagem àqueles que, com suas lentes, congelaram no tempo a história de uma cidade. Uma história que, graças a eles, nunca será esquecida.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here