- Foto: Isabela Carrari/Prefeitura de Santos

 

Minas Gerais iniciou a semana apresentando melhora na tendência de novas internações, indo de estabilidade para queda, mas manteve estabilidade em novos casos e novos óbitos, provocados pela pandemia da Covid-19. É o que aponta a pesquisa semanal realizada pela Universidade Federal de Alfenas (Unifal).

Isso indica ainda uma evolução desigual no ritmo de melhora da pandemia entre as diferentes macro e micro regiões do Estado. As regiões Centro, Sudeste e Triângulo Norte, respectivamente a primeira, quarta e quinta maiores regiões do estado, apresentado estabilidade (Centro) e crescimento (Sudeste e Triângulo Norte) foram as principais responsáveis pelo não avanço na diminuição da incidência em Minas Gerais.

Desde 15 de julho, Minas mantém estabilidade na tendência da incidência. Nesta segunda-feira (02), nesta situação encontraram-se as regiões: Centro, Jequitinhonha, Leste, Noroeste, Oeste, Sudeste e Triângulo Sul. Triângulo Norte manteve crescimento, tendência também apresentada pelo Norte. Diminuição foi registrada nas regiões Centro-Sul, Leste-Sul, Sul e Vale do Aço. A melhora da tendência de novas internações, que foi de estabilidade para diminuição, pode ser atribuída ao predomínio dessa situação no Estado (Centro, Centro-Sul, Jequitinhonha, Leste, Oeste, Sudeste Sul e Vale do Aço) junto com a estabilidade desse indicador nas demais. Não foi registrada nenhuma região com tendência de crescimento de novas internações. Em novas mortes, Minas Gerais mantém a estabilidade. Em crescimento se apresentaram as regiões Leste-Sul, Noroeste e Norte; estabilidade a Centro, Nordeste, Triângulo Norte e Triângulo Sul; em diminuição a Centro-Sul, Jequitinhonha, Leste, Oeste, Sudeste, Sul e Vale do Aço.

Os indicadores mostram grande diversidade de situações entre as regiões, o que indica que, embora com avanços, o controle da pandemia ainda não está tão próximo como se gostaria.

De acordo com o professor de epidemiologia e coordenador da pesquisa, Sinézio Inácio da Silva Júnior, é preciso ter atenção especial à situação das regiões vizinhas. “As vezes uma região ou micro região pode estar em melhor situação, mas o entorno estar piorando. Isso exige atenção permanente quanto às interações em termos de fluxos comerciais, turísticos e sociais entre os lugares”, alertou.

Gravidade dos casos

A pesquisa também tem um indicador com o monitoramento da gravidade dos casos registrados de Covid-19. No início da pandemia se observou os maiores valores do indicador isto, provavelmente, provocado pela escassez de testes, uma vez que a testagem foi mais restrita a casos graves e, pela novidade da doença, a prática foi internar mais para isolar e acompanhar os infectados. A partir de julho e agosto de 2020, o indicador ficou abaixo de 0,10, possivelmente pelo aumento na testagem. A partir do Carnaval, o índice voltou à marca de 0,10 em abril de 2021, provavelmente pelo maior espalhamento da variante gama, o que provocou quadros mais graves numa população ainda muito vulnerável, já que a primeira dose da vacina ainda não havia coberto a maioria da população de 60 anos ou mais. De abril para maio, o indicador voltou a cair, o que está associado ao efeito da vacinação. De maio até julho deste ano, o índice subiu, registrando 0,06 em maio, 0,07 em junho e 0,09 em julho. O aumento desse índice, precisa ser acompanhado com cuidado. O que é de se esperar, é, que com o avanço da vacinação, o número de casos graves diminua e os casos entre os mais jovens (não vacinados) gere menos internações, diminuindo o indicador.

O professor Sinézio faz outro alerta. Se mudar a política de testagem e a restringir mais aos casos mais graves, esse índice pode subir. Há outra interpretação mais preocupante. Se, mesmo com a diminuição de novos casos, esse índice subir, isso pode ser devido à maior circulação de uma variante mais agressiva, como a variante delta. É importante prudência em relação à variante delta e observação do indicador ao longo do tempo. Pode ser só uma flutuação normal, mas pode ser o efeito do avanço de variante de preocupação e ou aumento de contágio em pessoas mais vulneráveis, que tenham diminuído a proteção imunológica no intervalo entre a primeira e segunda dose da vacina. É fundamental fazer vigilância genômica dos casos, para identificar em tempo real a circulação de variantes que preocupam.

Sul de Minas mantém diminuição de casos, internações e mortes

Na região do Sul de Minas, a pesquisa semanal da Unifal, aponta a tendência indicada pela média móvel de 7 dias de novos casos (incidência), internações e óbitos. Nas últimas quatro semanas o Sul de Minas manteve diminuição na tendência de novos casos. Todas as regionais, exceto a de Pouso Alegre que apresentou estabilidade, apresentaram redução da incidência. A média diária de novos casos na semana continua diminuindo (680), valor abaixo de 700, o que não acontecia há quase quatro meses, desde 05 de março deste ano. A tendência de novas internações na região voltou a declinar, ficando abaixo de 50 internações em média por dia na semana (43), patamar que não era atingido desde o último dia 14 de março. Todas as regionais apresentaram tendência de diminuição nesse indicador, exceto a de Passos que registrou estabilidade.

Em novos óbitos, a região também manteve tendência de diminuição. Com exceção da regional de Pouso Alegre que apresentou estabilidade, mas evoluindo de uma situação de crescimento na semana anterior. O número médio de óbitos diários caiu de 22 para 17, permanecendo abaixo de 30 desde o dia 11 de julho. Também na região, os dados mostram uma evolução desigual nas tendências dos indicadores, ocorrendo frequentes oscilações entre melhora e piora. O controle da pandemia não está consolidado, a cobertura vacinal completa (duas doses mais dose única) atingiu apenas 19% da população total do Sul de Minas. Em relação ao início deste ano, em média por dia na semana, ainda registra-se 67% a mais de novos casos, 2,5 vezes mais novos óbitos e 1,5 vezes mais novas internações. Nesta semana, o maior avanço se deu na queda em novas internações, mas, como observado no início deste boletim, a relação de novas internações por novos casos subiu de junho para julho.

PANORAMA: Três Pontas entre as 10 maiores da região

Entre os dez mais populosos municípios do Sul de Minas, nenhum apresentou crescimento na tendência da incidência. Houve melhora significativa nesse indicador, estando 8 dos 10 municípios em situação de queda na tendência de novos casos. Apenas Lavras manteve estabilidade nesse indicador e Três Pontas que passou de diminuição para estabilidade. Na tendência de novas internações, apenas São Sebastião do Paraíso foi de diminuição para crescimento, a maioria dos demais apresentou diminuição (Poços de Caldas, Varginha, Lavras, Itajubá, Alfenas e Três Corações) ou estabilidade (Pouso Alegre, Passos e Três Pontas). Em novos óbitos, apenas Lavras apresentou tendência de crescimento. Os demais registraram estabilidade (Poços de Caldas, Varginha, Passos, Itajubá e Três Corações) ou diminuição (Pouso Alegre, Alfenas, São Sebastião do Paraíso e Três Pontas). Considerando os três indicadores houve melhora do quadro epidemiológico no conjunto dos 10 mais populosos municípios sul mineiros.

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