*Michel Renan esteve em Brasília e Belo Horizonte tentando a liberação de recursos e emenda à Santa Casa
O Provedor da Santa Casa de Misericórdia do Hospital São Francisco de Assis Michel Renan Simão Castro, viajou na semana passada em busca de uma solução financeira para salvar a entidade do fechamento. Enquanto a população trespontana, empresas e entidades se mobilizavam para levantar dinheiro, o empresário fazia sua primeira viagem para cobrar das esferas federal e estadual repasses atrasados, que deveriam ter chegado a meses e acabaram complicando a saúde financeira do Hospital. Só do Estado de Minas Gerais são R$1,7 milhão.
Michel cumpriu agenda feita pelo deputado federal Diego Andrade (PSD-MG), que o acompanhou ao Ministério Saúde. O chefe da pasta, Ricardo Barros, demonstrou preocupação com a situação e ficou de liberar o quanto antes a emenda de Andrade no valor de R$500 mil, mas o dinheiro ainda não chegou.
O compromisso assumido por ele é liberar a emenda em caráter emergencial e tentar colocar de forma extra orçamentária. São R$250 mil para custeio que pode ser gasto na compra de medicamentos e outras despesas e R$250 mil para o Centro Cirúrgico.
Na Capital de Minas Gerais, uma comitiva liderada pelo prefeito Dr. Luiz Roberto Laurindo Dias (PSD) estiveram com o secretário de Estado de Saúde Sávio Souza Cruz. O bolo maior que a entidade precisa receber está parado em Belo Horizonte e com o apoio de líderes locais do PMDB, o secretário ficou de disponibilizar para esta semana uma parte dos recursos que o Hospital tem direito. A parcela de R$560 mil será investida integralmente no pagamento do salário dos médicos, mas será capaz de quitar apenas pouco mais de um mês com os profissionais que estão a quatro meses sem receber e estão tendo a maior paciência do mundo de esperar. O dinheiro é referente a dois meses da Rede Resposta e do Pró Hosp que deveria ter sido pago em abril.
Sobre o apoio do parlamentar, Michel Renan deixou claro que Diego Andrade não tem medido esforços para que a Santa Casa consiga seu objetivo que é manter as portas abertas e o seu funcionamento. “A gente tem se falado diariamente tentando viabilizar as verbas que não chegaram e nos colocou em um inferno e o transformou o Hospital em um paciente que está na UTI”, registrou.
Novo administrador hospitalar
A direção agiu rápido após o pedido de demissão do administrador hospitalar Silvio Denis Grenfell. Ele estava no cargo desde abril de 2016 e chegou após fazer um diagnóstico da situação financeira da Santa Casa.
Com experiência em administração hospitalar de mais de 30 anos e quando chegou em Três Pontas, disse que havia feito um relatório fidedigno dos números, que a situação não seria fácil, mas que em outras localidades já havia enfrentado coisa pior. Porém, quando Michel Renan assumiu a provedoria no final do mês de março, os números não demonstravam exatamente o problema e bastou membros da diretoria mergulhar na papelada para descobrirem que o déficit mensal estava alcançando quase R$500 mil e a dívida que seria de R$15 milhões, na verdade está orçada em R$19 milhões e os dados anteriormente divulgados haviam sido maquiados.
Grenfell alegou motivos pessoais para pedir seu desligamento e a partir desta quinta-feira (22), um novo administrador já começa a trabalhar. Wagner José de Oliveira já tem experiência em administrar hospitais a última foi em Passos, no Sul de Minas. Michel Renan esclarece que as pessoas questionam porque não se contrata alguém da cidade, mas, gerir um hospital exige mais que conhecimento em administração. O setor é complexo e necessita de um técnico para atender as peculiaridades que são cruciais.
O administrador que está deixando o comando, recebia um
salário mensal de R$14 mil e sua gestão é alvo de investigação do Ministério Público, através de inquérito Civil Público aberto para apurar possíveis irregularidades. O provedor aproveita para responder que nunca se referiu a desvio de dinheiro, mas acrescentou que, sempre enfatizou as ingerências e incompetência de quem passou pela direção. “Temos em Três Pontas um Ministério Público forte e atuante, que é extremamente competente e vai apontar os problemas. Abrimos as portas aos promotores Dr. Artur Forster e Dra. Ana Gabriela e temos fornecido documentos que nos são solicitados”, emendou. Na visão dele, se as direções anteriores tivessem externado os reais problemas, a situação não estaria neste pé. “Não estou criticando quem passou por lá, porque todos deram sua contribuição e eu não tenho o hábito de depreciar ninguém, mas isto é claro”, completou Michel Renan.
Diante do desafio maior do que esperava, da gravidade financeira da Santa Casa, Michel Renan não esconde que o tem motivado a deixar suas empresas e seus afazeres para se dedicar ao Hospital, é a mobilização dos trespontanos, que segundo ele, ainda não tem noção do caos que pode causar com o seu fechamento.
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