*Levantamento feito pela Unifal, mostra uma redução de 47% nos procedimentos hospitalares

A alta e permanente demanda por atenção hospitalar à Covid-19 durante a pandemia, afetou profundamente a assistência hospitalar para outras doenças em todo o país. No Sul de Minas, de acordo com dados divulgação pela Universidade Federal de Alfenas (Unifal), comparando o ano de 2019, pré pandemia, e o primeiro ano da pandemia em 2020, houve uma redução de 47% nos procedimentos hospitalares eletivos que demandam internação. Foram feitos 1.186 procedimentos hospitalares eletivos a menos por mês, destes, 95% foram procedimentos cirúrgicos, uma redução de 49% ou 1.128 cirurgias eletivas a menos por mês em 2020.

De 2019 a 2020, houve ainda a redução de 61% nos procedimentos diagnósticos e de 21% nos procedimentos clínicos. Situação pior tem sido vivida até agora em 2021. Comparando a média mensal de janeiro a julho deste ano, com a média mensal de 2019, houve uma redução de 61% nos procedimentos eletivos (1.540 a menos por mês), de 73% nos procedimentos diagnósticos e de 1% nos procedimentos clínicos.

De toda a redução em procedimentos eletivos em 2021, 99% são de procedimentos cirúrgicos. Este ano, foram realizados mensalmente 1.527 cirurgias eletivas a menos do que em 2019.

Em transplantes de órgãos, tecidos e células ocorreram por mês 10 procedimentos a menos em 2020 e 5 procedimentos a menos em 2021, em comparação com 2019. Situação semelhante se apresenta em Minas Gerais, indicando o impacto negativo da pandemia na assistência à saúde de rotina e predispondo a população ao agravamento de situações tratáveis e aumentando o risco de óbitos. Este aspecto sem dúvida contribuirá para o excesso de mortalidade de curto e médio prazo.

Impacto da vacinação na mortalidade contra a Covid-19

O boletim epidemiológico desta semana da Unifal, mostra dados sobre o impacto positivo da vacinação na redução de mortalidade por Covid-19 no Sul de Minas Gerais. Neste número, os mesmos indicadores foram considerados para avaliar esse impacto no Estado. Em janeiro a vacinação ainda não havia começado e o risco de morte por Covid-19 de uma pessoa idosa (60 anos ou mais) era 137 vezes maior do que entre os de 20 a 29 e 47 vezes maior em relação aos de 30 a 39 anos (faixa etária com a maior proporção de casos identificados).

Esses números para o Sul de Minas foram, respectivamente, 110 e 43. Se considerarmos os mais idosos, com 80 anos ou mais, as pessoas nessa faixa etária, em janeiro, tinham um risco de morte pela doença 369 vezes maior que o daqueles de 20 a 29 anos e 127 vezes maior em relação aos de 30 a 39. Esses números para o Sul de Minas foram, respectivamente, 311 e 122 .

No entanto, em agosto deste ano, quando a população idosa já estava completamente vacinada, esses números mudaram significativamente para melhor. Os idosos passaram a ter um risco de morte, por Covid, 46 e 12 vezes maior, respectivamente do aquele das faixas etárias de 20 a 29 e 30 a 39 anos. Esses números para a região Sul foram 25 e 17.

O avanço foi possível somente pelo efeito da vacinação. De janeiro a agosto de 2021, por exemplo, a redução desse risco foi maior entre os mais idosos (80 anos ou mais) comparando com as duas faixas etárias de mais jovens utilizadas. Em relação aos de 20 a 29 anos o risco de morte dos de 80 anos ou mais diminuiu 69% e 76% em relação ao que era em relação aos de 30 a 39 anos. Ainda assim, hoje, de modo geral, o risco de morte por Covid-19 da população idosa em Minas Gerais chega a ser dezenas de vezes maior do que aquele da população de 20 a 39. No Estado hoje, por exemplo, uma pessoa com 80 anos ou mais tem um risco de morrer pela doença 114 vezes maior do que aquele dos jovens entre 20 a 29 anos e 40 vezes maior do que o dos de 30 a 39 anos. Assim, ao mesmo tempo em que é preciso valorizar a vacinação, acelerá-la e ampliá-la, é preciso realizar a dose de reforço entre os mais vulneráveis, que são os idosos, imunocomprometidos e pessoas com doenças crônicas.

Sem a dose de reforço e a diminuição da proteção vacinal com o tempo, especialmente entre os idosos, esse risco de morte pode aumentar. Claro que para morrer da doença é preciso ser infectado e o aumento da circulação da variante Delta poderá aumentar esse risco. Portanto, é essencial avançar com a vacinação e não relaxar as medidas de proteção de modo precipitado, principalmente o uso correto das máscaras.

A situação da pandemia na região

Assim como em Minas Gerais, a média diária de novos casos na semana no Sul de Minas registrou queda. A região apresentou tendência de queda em novos casos, mas as regionais de Alfenas e Varginha foram de queda para estabilidade. Em termos de novas internações, a mesma observação feita para Minas Gerais vale para o Sul de Minas. É necessário, segundo o professor de Epidemiologia e coordenador da pesquisa Sinézio Inácio da Silva Júnior, aguardar os próximos dias para uma melhor conclusão sobre a tendência, dado que ajuste de correção de números foram feitos, gerando número negativo de internações (caso da regional de Pouso Alegre). A tendência de novos óbitos continuou em queda na região. Mas, apenas a regional de Pouso Alegre compartilhou essa tendência. As regionais de Passos e Varginha oscilaram para estabilidade e a de Alfenas foi de queda para crescimento. A semana começou mantendo uma média diária de 8 óbitos.

Nos municípios mais populosos

A semana se iniciou com predominância da tendência de queda em novos casos entre os dez 10 municípios mais populosos. Apenas Lavras oscilou de queda para crescimento e Três Corações que apresentou estabilidade. Em novas internações, a maioria não apresentou queda na tendência. Com diminuição estão os municípios de Pouso Alegre, Varginha, Lavras e Três Corações. Com crescimento Poços de Caldas e Alfenas e estabilidade em Passos, Itajubá, São Sebastião do Paraíso e Três Pontas. Em tendência de novos óbitos, apenas Três Pontas oscilou de queda para crescimento, com os demais em queda ou estabilidade.

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