Dois anos após ter conseguido na Justiça brasileira o direito de fazer um transplante de intestino nos Estados Unidos, o mineiro Antônio Gleiber Cassiano Júnior, o Juninho, voltou para o Brasil nesta sexta-feira (12). Portador de uma doença rara, a “Síndrome do Intestino Ultracurto”, o morador de Campos Gerais, no Sul de Minas, viveu dos 14 aos 16 anos uma verdadeira batalha pela vida até conseguir passar pela cirurgia, cujo valor foi calculado em R$ 3 milhões à época. No final de janeiro deste ano, ele recebeu autorização para voltar para casa, mas a dificuldade de obter ajuda do governo brasileiro para o custeio da viagem atrasou seu retorno em quase quatro meses.
Juninho e a mãe, Alessandra Marques Ribeiro, desembarcaram no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, por volta de 6h. Antônio Gleiber Cassiano, o pai, chegou pouco tempo depois. Eram 9h quando pai, mãe e filho foram tomar café da manhã juntos pela primeira vez no Brasil, após dois anos da ida do jovem mineiro para um hospital em Miami. O amigo da família, Diego Rafael de Andrade, registrou na foto acima o encontro.
Segundo o advogado que acompanha a família, Claudinei Szymczak, todas as doações obtidas por meio da campanha “Junto com Juninho” possibilitaram encerrar a espera do jovem, que hoje está com 18 anos.
“Nós todos agradecemos muito às pessoas que ajudaram na campanha, aos amigos, familiares. Se a gente dependesse do governo, o Juninho ainda estaria em Miami [local onde o mineiro passava por tratamento]. O aluguel para ele ficar nos EUA com a mãe foi bancado com essas doações. Houve ocasiões em que o governo brasileiro depositou errado o dinheiro [para manutenção de mãe e filho] e foram as doações que não deixaram faltar os medicamentos para o Juninho”, conta Szymczak.
Dois anos em busca de tratamento
A doença que afetava Juninho começou a se agravar em outubro de 2014. No início do ano seguinte, ele teve que ser submetido à retirada de 95% do intestino delgado, órgão responsável pela absorção de nutrientes e minerais. A partir de então, só um transplante poderia salvar sua vida. A família descobriu que em Miami havia um hospital bem sucedido nesse tipo de procedimento, considerado delicado, e conseguir o dinheiro necessário para bancar as despesas se tornou mais um desafio.
A história do mineiro logo mobilizou muita gente dentro e fora da internet. Festa na cidade natal e campanha em rede social foram organizadas. Meses depois, uma decisão judicial obrigou o Ministério da Saúde a custear os gastos com viagem, medicamentos e procedimentos médicos fora do país. No dia 12 de julho de 2015, ele foi operado. Um ano mais tarde, Juninho e a família iniciavam uma nova batalha.
A partir de agosto de 2016, Juninho era considerado apto a voltar para casa pela equipe médica norte-americana. No entanto, devido ao transplante, ele precisaria de atendimento médico especializado no Brasil, além dos remédios específicos para o seu tratamento. Foram necessários praticamente seis meses de buscas até a identificação de uma clínica em São Paulo (SP) que oferecia o serviço pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Os meses seguintes foram marcados pela espera de recursos que viabilizassem a viagem de avião. No final de fevereiro, o jovem, às vésperas de completar 18 anos, gravou um vídeo junto com a mãe, Alessandra, pedindo ajuda para deixarem Miami. A notícia da compra das passagens só foi confirmada no início desta semana.
A espera
De Miami a São Paulo foram cerca de 9h de viagem. No sítio em Campos Gerais (MG), Maria Dulce Pereira acordou ansiosa nesta sexta-feira. Pela madrugada, o filho, Antônio Gleiber pai, foi buscar o filho e a esposa, Alessandra, no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Até o final da manhã, ela vai ver a família reunida novamente após dois anos- Juninho ainda tem um irmão de 9 anos, que ficou na cidade natal.
“Eu já separei o franguinho que eu vou fazer pra ele. Eu vou esperar ele chegar, descansar um pouco. Depois quero fazer uma festa pra ele. E tem a missa campal, né, que é promessa que eu fiz pela recuperação da saúde dele. Da cidade [Centro de Campos Gerais] é meia hora. Eu vou lá para marcar uma missa bem bonita”, planeja dona Dulce.
(Fonte: G 1 Sul de Minas)