A 17ª edição da Feira Cocatrel de Negócios, realizada em Três Pontas, mais uma vez se consolidou como um dos maiores eventos voltados ao setor cafeeiro da região. A feira, que aconteceu até o dia 6 de setembro, reuniu expositores, produtores e empresários, trazendo inúmeras oportunidades e novidades para o setor. Com grande entusiasmo, os participantes tiveram a chance de fechar negócios, se atualizar sobre as últimas inovações do mercado e planejar suas próximas safras.

Jaques Fagundes Miari, presidente da Cocatrel (foto), conversou com a Equipe Positiva sobre a importância do evento para a cooperativa e para os produtores rurais. Ele ressaltou que a feira é uma excelente oportunidade para os produtores fixarem seus custos e garantirem sua produção para o ano seguinte. “O produtor já programa seus custos de produção, aproveitando para adquirir defensivos, fertilizantes e até mesmo equipamentos. Essa é a última oportunidade do ano para ele conseguir fixar esses preços e se preparar melhor para a próxima safra”, explicou Jaques.

A expectativa para esta edição, de acordo com Miari, era manter ou superar o sucesso das edições anteriores. Ele revelou que, surpreendentemente, até o penúltimo dia do evento, o volume de negócios fechados já havia ultrapassado em 20% o registrado no mesmo período do ano passado. “Isso foi uma grata surpresa para todos nós”, comemorou o presidente, destacando o clima positivo entre os expositores e participantes.

Uma questão que não poderia passar despercebida na conversa foi a falta de chuvas e como essa situação tem impactado a produção cafeeira. Segundo Miari, as condições climáticas adversas desde 2021 vêm desafiando os cafeicultores. Ele relatou que, em 2024, a falta de chuvas e as temperaturas elevadas – dois graus acima do normal – podem prejudicar severamente a produção de café do próximo ano. “A lavoura precisa de cuidados contínuos, e os produtores estão fazendo sua parte. No entanto, há fatores, como o clima, que fogem do nosso controle. Estamos confiantes e esperando que, com a ajuda divina, tudo possa melhorar”, afirmou.

Estandes na FECON

Perguntamos sobre os produtos mais procurados durante a feira, Miari mencionou que os defensivos agrícolas tiveram maior demanda nesta edição, enquanto a procura por fertilizantes, que geralmente acontece no início do ano, foi um pouco menor. Além disso, ele destacou o crescente interesse dos produtores por tecnologias que melhorem a eficiência do cultivo, como fertilizantes de liberação lenta e biotecnologia aplicada aos defensivos.

A feira deste ano também apresentou um formato um pouco diferente: em vez de apenas um auditório, as negociações e eventos ocorreram dentro das lojas das 12 filiais da Cocatrel. “Isso permitiu que o atendimento fosse mais próximo e personalizado, oferecendo ao cooperado as mesmas condições em todas as nossas unidades”, completou Jaques.

Agrônomo da Cocatrel Roberto Felicoli

Ainda sobre os desafios climáticos, conversamos também com o agrônomo Roberto Felicori, da Cocatrel, que fez uma análise detalhada sobre o impacto da seca prolongada. Segundo Felicori, os cafeicultores da região estão enfrentando um cenário extremamente grave, com déficit hídrico e temperaturas elevadas que se assemelham a condições de deserto. “A safra de 2025 já está comprometida. As perdas são visíveis e, com cada dia de seca, a situação se agrava”, explicou o agrônomo. Ele relatou que muitos produtores estão realizando podas antecipadas em lavouras que não conseguirão produzir, enquanto outras plantas, em estágio de murcha permanente, estão morrendo devido à falta de água.

Felicori ressaltou que, para minimizar os danos, os produtores precisam agir rapidamente assim que as primeiras chuvas chegarem. “É fundamental que, com a volta da chuva, o produtor entre imediatamente com adubação foliar e correção de solo. A planta estará debilitada devido ao estresse hídrico, e essa ação rápida pode garantir alguma recuperação”, aconselhou o agrônomo.

Entretanto, ele também destacou que a irrigação, uma solução que poderia mitigar os efeitos da seca, é de difícil implementação na região, devido à escassez de água e à falta de infraestrutura adequada. “A irrigação é um mecanismo caro e, infelizmente, inacessível para muitos produtores da nossa região por conta da falta de água disponível e energia para bombear essa água”, lamentou Felicori.

A Feira Cocatrel de Negócios mais uma vez demonstrou sua importância para o setor cafeeiro, não apenas como um espaço de negócios, mas também como um ponto de discussão e planejamento para os desafios futuros. Mesmo diante das incertezas climáticas, a confiança dos produtores e o suporte oferecido pela cooperativa indicam que, com estratégia e inovação, é possível enfrentar as adversidades e garantir o futuro da cafeicultura na região.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here