Por Renan de Paulo Lopes – Advogado
No Espaço Jurídico de hoje, vamos trazer uma análise interessante feita pelo presidente da OAB do Rio Grande do Sul, Ricardo Breier, em um artigo seu publicado nesta sexta-feira (27) no “Jornal do Comércio”, sobre o atual investimento em educação feito pelo Estado e como isso vem refletindo cada vez mais na segurança pública brasileira. Leia abaixo:
“Estamos fomentando novos criminosos?”
Por Ricardo Breier, presidente da OAB/RS
O diagnóstico é repetido pelo Dr. Drauzio Varella, que, por anos, trabalhou na extinta Casa de Detenção do Carandiru, em São Paulo: jovens que não estudam ou que frequentam péssimas escolas se transformam ali na frente em soldados do crime. Sem base educacional e desprovidos de conhecimento, ficam à deriva. O mundo do crime é a alternativa. O futuro comerciário, estagiário, médico e engenheiro vira soldado do tráfico. Do crime. Do horror. Não estamos preparando em larga escala nossas crianças e adolescentes para o bem da sociedade. Embora o direito à educação conste na Declaração Universal dos Direitos Humanos, o Brasil vem perdendo uma das condições básicas para o desenvolvimento.
O Rio Grande do Sul está inserido nesse quadro e contribui para dificultar a vida das novas gerações. Com escolas precárias, ambientes inseguros e vandalizados, professores e merendeiras recebendo salário parcelado, há um convite para a deseducação. Em dois anos, o Rio Grande do Sul é o Estado que mais retrocedeu em português e matemática no Ensino Médio. Um número envolvendo o Ensino Médio no Estado é estarrecedor: em 2015, apenas 8,9% dos estudantes do 3º ano demonstraram nível de aprendizagem adequado em matemática. A cada 10 gaúchos concluindo essa etapa, menos de um estão devidamente aptos para uma realidade de mercado. A nova geração escorre por entre os dedos da mão próspera, inclusiva e segura que desejamos.
Parte dessa juventude fica pelo caminho, e estes novos gaúchos, desprezados pelo Estado que ofereceram escolas de lata, prédios sucateados e professores massacrados pela desvalorização salarial, em breve, voltarão a se encontrar com o Estado. Não mais em salas de aula, mas em confrontos violentos, tiroteios e presídios que parecem masmorras. O Estado que virou as costas para um então jovem indefesas é o mesmo Estado que precisará caçar o agora capacitado marginal. O Estado tinha o estudante dentro de uma sala de aula, mas foi incapaz de oferecer o mínimo de gestão educacional.
Fonte: Jornal do Comércio RS e Notícias do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil
Renan de Paulo Lopes – OAB/MG nº 138.515
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