O fim de semana prolongado em Três Pontas foi de muitas visitas de romeiros no Município. A comemoração dos 119 anos de morte do Beato Padre Victor, movimenta a cidade, desde o dia 14 de setembro, quando o novenário começou no Santuário Diocesano de Nossa Senhora D’Ajuda e nas outras duas paróquias da cidade. O túmulo onde está os restos mortais do sacerdote recebeu milhares de pessoas que vieram pedir bençãos e agradecer pelas graças alcançadas.
Romarias que fazem o trajeto de suas cidades todos os anos, se juntaram a devotos que vieram de carro, a pé e até a cavalo para homenagear o padre que já é considerado santo pelo povo. Barracas montadas na Praça Cônego Victor, serviram para registrar os locais de onde vieram as romarias e também as graças, que serão analisadas e quem sabe uma delas pode se tornar o milagre que a Igreja exige para decretá-lo santo.
A devoção é tanta que mesmo debaixo de sol forte, os devotos enfrentaram uma fila enorme para passar por alguns minutos de frente ao túmulo na Matriz e fazer suas orações. Pela porta onde eles entram, a visão é sempre a mesma dentro do Templo. Igreja sempre cheia, principalmente nos horários das 9 celebrações eucarísticas presididas no Santuário. Desde as 3 da madrugada, os sacerdotes da Diocese da Campanha celebram este dia especial para tanta gente do Brasil inteiro, que tem a devoção em Padre Victor.
O bispo da Diocese da Campanha Dom Pedro Cunha Cruz, na missa que presidiu as 9 hora da manhã no Santuário, falou na homilia do evangelho do Apóstolo Paulo, que vivemos este ano da oração, proposto pelo Papa Francisco ao católicos. E que Padre Victor foi zeloso à oração, um servidor de Cristo, com uma vida com os sinais virtuosos segundo o Espírito.
“O ministério sacerdotal de Padre Victor, traduziu seu ministério no serviço desinteressado e abnegado a Cristo e a Igreja. Ele era um homem de oração, mas que sabia aliviar os sofrimentos carregando a cruz de Cristo nas mãos, para lembrar que toda a leitura que devemos fazer da nossa existência, da nossa vida, de dor, de perda, de enfermidade, de morte, e de sofrimento deve ser a partir da ótica da cruz de Cristo Jesus. Por isso a imagem da cruz é para Padre Victor, é a imagem das muitas tribulações que ele viveu. Desde o momento que ele sentiu o chamado de Cristo para o sacerdócio, passando pelo Seminário e vivendo seu ministério sacerdotal, inclusive em Três Pontas, com muitas rejeições. Mesmo assim, não o fez um homem azedo, amargurado, funcionalista, porque Ele sempre contemplava a cruz de Cristo, que não era simplesmente o sinal de uma ação exorcista no exercício de seu ministério sacerdotal”, explicou o bispo Dom Pedro.
Na primeira missa da tarde, Padre Elberson de Andrade, conhecido por “Taquinho”, da Paróquia São João Batista de Seritinga, chamou a atenção de quem participava ao falar, que a festa serve para as pessoas se desconectarem deste mundo difícil que estamos vivendo. O que sempre vê na festa de Padre Victor, são romeiros dormindo no chão por causa do cansaço espiritual, de ir ao encontro de Cristo. Mas ressaltou, que triste é o cansaço de uma vida vazia, de uma caminhada sem sentido, por isso é reconfortante e ver a Igreja se torna um dormitório, a casa de devotos, da família que acolhe e abriga os peregrinos. Depois, padre Taquinho lhe alegrou ao ver tantas crianças e as chamou a frente do altar. “Quem quiser ser grande, que seja pequeno como as crianças. Quem quiser ser grande e ganhar o reino do céu, tem que ser pequenino e se tornar criança. Os pequenos alegram o coração de Deus, neste mundo tão conturbado”, disse o sacerdote durante a homilia.
O dia todo, do lado de fora, um batalhão de voluntários se reveza para acollher bem os visitantes. O café do romeiro, com pão com manteiga, mortadela, café com leite e água, sustenta aqueles desprovidos de dinheiro, mas que sabem que podem vir e da forma peculiar como Três Pontas recebe a todos, seguindo os exemplos de caridade do Anjo Tutelar de Três Pontas.
O movimento na cidade foi grande desde sábado e nesta segunda-feira, os últimos que gostam de vir no dia dedicado ao Padre Victor, aportaram nos locais de movimento. Na zona rural, propriamente na Capela Santa Cruz, na comunidade da Faxina, os trespontanos chegaram antes do sol nascer. Cansados pelo percurso de 7 quilômetros percorridos a pé, mas satisfeitos por mais um ano conseguirem cumprirem a promessa (aqueles que fazem) de sacrifício.
No Parque Multi Uso da Mina do Padre Victor, a multidão vai por dois motivos. O primeiro é buscar a água abençoada pelo sacerdote, na Mina inesgotável de água. Com estiagem ou não, as bicas que ficam abaixo da enorme imagem do padre nunca deixam de jorrar a água. Devotos levam litros desta água para casa a espera de um milagre e acima de tudo, de saúde, para que no próximo ano todos estejam bem e juntos novamente na Terra de Padre Victor.
O segundo é a venda dos mais variados produtos e mercadorias, na tradicional feira. Os corredores ao redor das barracas de vendedores ambulantes ficam cheios. Oportunidade de comprarem de lanches a eletrodomésticos, roupas de cama e banho e muitos utensílios populares. A disputa pelos consumidores é ouvida pelos ambulantes que gritam anunciando as “promoções”. O espaço se torna pequeno e é preciso disposição para enfrentar o calor e a multidão embaixo de sol forte com temperatura medindo mais de 30 graus.
Segurança: festa teve apenas três ocorrências
A segurança da Polícia Militar foi reforçada para as festividades de Padre Victor. Sem divulgar efetivo empenhado, mas a Companhia de Polícia Militar de Três Pontas, garantiu que foram mais policiais trabalhando que no Carnaval. O efetivo teve policiais a paisana, a pé, em motos e viaturas quatro rodas e das bases comunitárias estacionadas na Praça da Matriz e no Parque da Mina. Um item que foi bastante usado para prevenir crimes de furto, o mais registrado neste período, foi câmeras de segurança. Além das que já são usadas no sistema Olho Vivo, outros equipamentos foram instalados em pontos estratégicos da Praça Cônego Victor e o monitoramento diretamente da Sala de Operações da PM ‘vigiou’ quem tinha a intenção de cometer crime.
O trabalho preventivo teve também a atuação de uma grande equipe de seguranças contratados pela Associação Padre Victor, que nos últimos dias ficou vigilante nos pontos de movimento de romeiros, visitantes e trespontanos.
De acordo com o sub comandante da PM Tenente João Evangelista Monteiro, houveram três ocorrências de furtos, dois na Mina onde foram levados um aparelho celular e uma carteira. Na Avenida Ipiranga, um outro celular foi furtado. Não houve registro de nenhum crime violento neste período.