*Município foi incluído no roteiro da Romaria da Fé pela segunda vez. Romeiros foram recebidos no Memorial e visitaram o Carmelo São José e a Matriz D’Ajuda
Faltando exatamente 30 dias para a grande comemoração do 113º Aniversário de Morte do Beato Padre Victor, Três Pontas já respira mais forte o sinônimo da fé e, já recebe em seu berço, romeiros e devotos que cheios de devoção invocam o sacerdote que arrebanha suas ovelhas mesmo depois de tantos anos.
Nesta quinta-feira (23), membros da Associação Padre Victor preparavam para receber os integrantes da Romaria da Fé, que pelo oitavo ano saem de Teresina, no Piauí (PI) para percorrer as estradas do Brasil. Pela segunda vez, a romaria formada por 84 pessoas de 10 paróquias, chegaram cedo a Praça Cônego Victor. O grupo seguiram alguns metros a pé até chegar em mais um dos objetivos da viagem, conhecer a história de Padre Victor no Memorial que tem o seu nome. Como é de costume e peculiar da nossa gente, eles foram recebidos com músicas, sorrisos e muita alegria. Em uma mesa farta, um cafezinho delicioso com sabor mineiro de quem sabe produzir o grão e um carinho transmitido a quem passou a noite inteira na estrada.
O líder da turma toda é o padre Fábio Carvalho Fernandes (foto), que é da Paróquia Nossa do Rosário que integra a Arquidiocese de Teresina (PI). Ele contou que esta não é uma simples romaria com um único destino. Só de se imaginar que são cerca de 30 horas, para percorrer 2.422 quilômetros de Teresina até aqui, já se percebe que além de disposição é preciso estar movido pela fé para aceitar o desafio. Porém, os romeiros saíram de casa no dia 16 de agosto para fazer um trajeto muito além deste que se calcula.
De lá, a primeira parada foi em Bom Jesus da Lapa, município localizado no interior do estado da Bahia, na região nordeste do país. Chamada de Capital Baiana da Café, a cidade concentra a segunda maior festa religiosa católica do Brasil, no mês de agosto, a Romaria do Bom Jesus, que atrai milhares de fiéis todos os anos, sendo este período o de maior número de visitantes. Da Bahia, para Valinhos em São Paulo (SP), eles passaram o dia conhecendo a TV Século 21, emissora de televisão que tem a programação voltada exclusivamente a aspectos relacionados à Igreja Católica. A próxima parada foi em Aparecida (SP), no Santuário de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil. Primeiro participaram das celebrações eucarísticas nas Basílicas e depois fizeram um tour pela cidade. No roteiro da Romaria da Fé, dois locais são fundamentais para serem visitados e conhecidos por aqueles que viajaram pela primeira vez. Três Pontas e Baependi entraram na rota ano passado. Aqui por Padre Victor e Baependi por causa da Beata Nhá Chica.
Padre Fábio revela que em 2017, os devotos chegaram primeiro em Baependi, também no Sul de Minas. Este ano houve uma inversão no trajeto, não apenas para facilitar a logística, mas também pela receptividade que o povo trespontano tem toda vez que recebe um romeiro, um devoto, é como recepcionar alguém da própria família. Depois do café, eles foram visitar o Carmelo São José e a história da Serva de Deus Madre Tereza Margarida do Coração de Maria “Nossa Mãe”, cujo processo de beatificação foi aberto em 2012 e está em fase inicial. Ainda de manhã, rezaram de frente ao altar e participaram da missa celebrada pelo próprio padre Fábio, na Matriz Nossa Senhora D’Ajuda, onde estão os restos mortais de Padre Victor.
Após o almoço, eles se despediram de Três Pontas e seguiram viagem pelo Sul de Minas, com destino a Baependi, Terra de Francisca de Paula de Jesus – Nhá Chica, onde as orações foram na Igreja de Nossa Senhora da Conceição e as visitas na Casa da Beata, que teve conservada as suas principais características e onde encontram-se alguns objetos que pertenceram a Bem-Aventurada como a imagem da Imaculada Conceição, as panelas e o fogão à lenha onde cozinhava. Do Sul de Minas para São Paulo, os romeiros ainda vão rodar chão até o estado de Goiás. Primeiro em Caldas Novas, a maior cidade turística do Centro Oeste do estado de Goiás e depois Trindade, onde acontece anualmente a Festa do Divino Pai Eterno. Os devotos só começam a viagem de volta para casa na noite deste domingo (26). De acordo com padre Fábio Carvalho, as paradas estrategicamente programadas são propositais e técnicas, visando momentos de orações e de descanso. Como a turma é a maioria gente da “melhor idade”, é preciso repousar e refazer a força física para seguir, pois a distância é enorme. Ele ainda não fez o cálculo exato de quanto percorre na peregrinação, mas acredita que vai ultrapassar os 6 mil quilômetros. “Na próxima vez que voltar a Terra de Padre Victor, prometo que vou dizer exatamente o quanto percorremos em quilômetros”, afirma.
A sensação de estar em Três Pontas, é na visão do sacerdote, uma sensação de emoção e de gratidão a Deus. “Quando a gente vem conhecer onde viveu e cresceu espiritualmente Padre Victor, no fundo, estamos indo em um local, onde Cristo encontrou corações abertos para realizar a sua obra. A fé católica nos faz olharmos para os santos e santas e assim para a fonte da santidade que é o próprio Deus. Não estamos aqui somente por causa de Padre Victor, mas também por tudo aquilo que Deus fez, faz e pode fazer na vida de cada um de nós, como fez na vida deste santo-sacerdote”, refletiu padre Fábio.
Se receber alguém em casa é motivo para reunir toda a família, os membros e voluntários da Associação Padre Victor, ficaram muito felizes e fizeram questão de receber todos bem. “A gente fica até emocionado de receber tanta gente de tão longe aqui, afirma o presidente Airton Barros de Andrade.
O movimento no Memorial cresceu muito o ano inteiro, desde a beatificação de Padre Victor, em 2015. No meio das pessoas que vieram no nordeste, encontramos com uma mineira, de Formiga (MG) que também visitava a cidade. A comerciante Joseli Lima veio várias vezes na cidade exclusivamente por causa de Padre Victor. O pai dela, Antônio Fernandes Lima Sobrinho, o ‘Seu Toninho de Formiga’, a cerca de 40 anos atrás trabalhava em Três Pontas e vários clientes contaram a história deste sacerdote que marcou história nos 53 anos que dirigiu a Paróquia da Cidade.
Quando se tornou devoto, sua vida mudou para melhor e foram muitas graças alcançadas por seu intermédio. Ele depois se mudou para Formiga e lá conheceu um escultor. Pediu a ele que fizesse uma imagem de Padre Victor, que foi doada ao Memorial e faz parte do seu acervo. Seu Toninho já faleceu, deixou para a família um supermercado e, o estabelecimento recebeu o nome de Padre Victor. A família tem uma certeza, de que ambos estão juntos no céu.
Associação amplia estrutura para romeiros
Uma das grandes preocupações da Associação Padre Victor é receber e acolher bem o romeiro. Não apenas para que ele leve uma boa impressão da cidade, mas que ele se sinta em casa e volte sempre que desejar. De acordo com o presidente da Associação Airton Andrade, os 41 sanitários que existem no Memorial que são disponibilizados aos visitantes, já ficaram deficitários e houve filas e espera na festa do ano passado. Por isto, o local está em obras. Estão sendo ampliados o número de sanitários. Mais 21 estão sendo construídos, com mais 24 lavatórios. A obra está sendo feita por uma empresa de Três Pontas e está gerando 16 empregos diretos. A estrutura não fica ociosa, é utilizada gratuitamente o ano todo, nos eventos da paróquia e daqueles promovidos na Praça Cônego Victor pela Prefeitura.