E aumentou a demanda por atendimento no CAPS que já era alto

 

Se já é desafiador tratar da saúde mental com as políticas que existem, imagina com o crescimento da demanda provocada por uma pandemia, que matou milhões de pessoas no mundo, que tirou do ceio da sociedade trespontana pessoas que a gente conhecia, até então cheias de saúde. E como ficou a mente daqueles familiares, enlutados por uma perder a guerra por um vírus que foi capaz de mudar o mundo, a vida e a relação entre as pessoas. Onde as autoridades de saúde pregavam, muito além do que o uso de máscara, mas evitar beijos, abraços, aperto de mãos. A pandemia da Covid-19 colocou um ponto final em relações afetivas fundamentais para o bem estar, o coração e a alma das pessoas. Elas tiveram que se trancarem em casa, deixar de frequentarem não apenas lugares para divertirem, mas até na casa dos avós ou de parentes do grupo de risco,as recomendação era não ir.

O resultado disso não poderia ser diferente e hoje o setor de saúde organiza para atender a crescente demanda por atendimento psicossocial. Na manhã da última terça-feira, a Secretaria Municipal de Saúde realizou a II Conferência de Saúde Mental. A última havia sido realizada em 2010. Foi momento de debater a realidade na área de psicossocial, a nível de município, estado e governo federal. A partir deste debate e elaboração das propostas que foram pelo Conselho Nacional de Saúde, cada cidade irá elaborar propostas para serem apresentadas nas três esferas, para serem implementadas em todos os âmbitos.

Segundo o presidente do Conselho Municipal de Saúde Eldo Lima, a política atual é de eliminação dos hospitais psiquiátricos e desincentivo nos CAPS e ações do governo no que se refere ao atendimento psicossocial e com o fim da pandemia, volta-se a incentivar as internações psiquiátricas e a reforma psiquiátrica. “Hoje é um dia importante para combater o retrocesso nos avanços que já foram conquistados no passado. O cuidado da saúde com a saúde mental, piorou no cenário da pandemia, com os atendimentos que foram prejudicados, a presença dos pacientes no CAPS por exemplo e situação atual não é boa”, garantiu.

Na opinião da coordenadora do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Maria Paula Naves Vasconcelos, já é um grande avanço conseguir realizar a conferência de forma presencial, com este contato físico que existe entre as pessoas envolvidas com o setor e usuários do serviço. O momento é muito propício a se discutir a política de saúde mental porque a nível macro e a nível de Brasil, tem se vivido muitos retrocessos, de desmonte do SUS de desfinanciamento do CAPS, de retorno dos manicômios.

O pós pandemia em Três Pontas está bastante chocante, classifica Maria Paula. A população está com a saúde mental bastante fragilidade, a demanda do CAPS que já era alta tem crescido ainda mais, tem sido registradas muitas tentativas de suicídio, muitas pessoas com sintomas de ansiedade e depressão que estão buscando cada vez mais o serviço.

O CAPS conta com uma equipe especializada pronta para ajudar. O mais importante é fortalecer a red, intensificar e fortalecer as equipes para dar conta da demanda que é crescente. Os atendimentos são totalmente presenciais, principalmente os intensivos. Em nenhum momento da pandemia houve a suspensão dos atendimentos de pacientes mais graves.

O CAPS atende o sofrimento mental grave, que são os transtornos mentais, esquizofrenia, transtorno bipolar, crises de ansiedade, depressão graves, tentativas de suicídio. Tudo que é sintoma leve e moderado, podem ser atendidos nos postos de saúde dos bairros. Hoje existe um média de 12 mil prontuários ativos e cerca de 50 pacientes intensivos que recebem atendimento e cuidados diários na unidade.

Para o provedor da Santa Casa de Misericórdia do Hospital São Francisco de Assis, Michel Renan Simão Castro, onde existe a ala psiquiátrica que é referência na microrregião de saúde, o tratamento dos pacientes não pode estar isolado apenas naquele atendimento de estabilização. Já foi demonstrado através da pandemia que as pessoas necessitam do calor humano, do abraço, de afeto e a pandemia mostrou que mediante a vida tão ligeira e célere que vivemos, alguns valores estão ficando de lado. “Temos milhares de contatos e pessoas em grupo virtuais e não temos as vezes tempo para dar um bom dia ao vizinho. As vezes o que muitas pessoas precisam é de uma iniciativa cordial, de dar e receber um bom dia, uma boa tarde”, refletiu Michel Renan, que completou que as vezes as pessoas não precisam do remédio, mas sim de uma palavra.

A secretária de Saúde Teresa Cristina Rabelo Corrêa disse que o serviço de saúde é totalmente humanizado e o trabalho é feito de forma integrada. Ela elogiou o trabalho desenvolvido pelo CAPS e atenção que os funcionários tem com os pacientes, tarefa que não é fácil.

O prefeito Marcelo Chaves Garcia ressaltou a importância deste momento de Conferência e de se discutir com a participação dos servidores da saúde e usuários, a melhora ainda mais do serviço, com uma mudança nas políticas públicas que são destinadas ao setor psicossocial.

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