
O Conselho Municipal do Idoso realizou, nesta terça-feira (25), a 4ª Conferência Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa de Três Pontas. O encontro aconteceu no Centro de Convivência do Idoso Lourenço Antônio Siqueira e reuniu um público expressivo, formado por pessoas idosas, autoridades municipais, representantes da OAB, secretários, gestores de políticas públicas e entidades da sociedade civil. O tema central deste ano foi “Envelhecimento multicultural e democracia – urgência por equidade, direitos e participação”, reforçando a necessidade de inclusão, respeito e protagonismo da população idosa.
A conferência é uma instância importante de escuta, diálogo e construção coletiva de propostas que visam melhorar a qualidade de vida dos idosos no município e também orientar ações em nível estadual e federal. Segundo a ex-presidente do Conselho Municipal do Idoso, Deize Maria Bezerra Ribeiro, o momento vai muito além de um evento. “O Conselho atua como guardião das pessoas idosas, propondo políticas públicas, fiscalizando ações e garantindo dignidade, respeito e inclusão. Trabalhamos para que os idosos tenham voz e espaço em todas as esferas sociais”, destacou.
A secretária municipal de Desenvolvimento Social e Habitação, Marina Daniela Salgado Silva também reforçou a importância da escuta ativa na formulação das propostas. “É um evento de grande maestria, onde os próprios idosos relatam suas necessidades e desejos. Isso será levado às esferas estadual e nacional. Cada um carrega vivências únicas e é gratificante sentir o carinho e amor que eles compartilham”, declarou.
O presidente da Câmara Municipal, vereador Myller Bueno, também esteve presente e destacou a importância de valorizar o potencial das pessoas idosas. “Há quem diga que, depois dos 60 anos, a vida perde o sentido, que as pessoas ficam ociosas. Mas os especialistas afirmam que os 60 são os novos 30. Segundo ele, a conferência é uma oportunidade fundamental para ouvir da própria população idosa quais são seus desejos, necessidades e expectativas. “Estamos aqui para levar à Prefeitura, à Câmara, à Secretaria de Desenvolvimento Social, aos clubes de serviço e à Vila Vicentina, aquilo que eles realmente esperam que o poder público e a sociedade ofereçam. Por isso, este dia é tão importante: para compreender, escutar e construir políticas que permitam que os idosos vivam mais — e cada vez melhor”, concluiu o parlamentar.
O prefeito Luisinho, que iniciou sua fala com um abraço na cerimonialista e referência da melhor idade, Dona Geni Roque, lembrou que sua gestão deu posse ao atual Conselho do Idoso e tem trabalhado para atualizar e realizar conferências que estavam pendentes. Ele agradeceu o empenho dos conselheiros e reafirmou o compromisso em transformar as sugestões da conferência em políticas públicas reais. “Este é o espaço para colocarmos no papel o que precisa ser feito e somar forças com as entidades e clubes de serviço que têm feito a diferença em Três Pontas”, afirmou.
A presidente do Conselho do Idoso, Ana Paula Silva Gouvêa Benetton, teve uma fala marcada pela emoção destacando o momento como um espaço de escuta, reflexão e construção coletiva. “Mais do que cumprir formalidades, esta conferência é um momento de diálogo entre a sabedoria acumulada dos nossos idosos e o desejo por um futuro mais digno, justo e humano. Envelhecer é um direito de todos e todas, e esse processo precisa acontecer com dignidade, respeito à diversidade, acesso às políticas públicas e participação efetiva nas decisões que moldam a sociedade”, ressaltou Ana Paula.
A importância de ouvir as vozes da população idosa — muitas vezes silenciadas — foi amplamente destacada, assim como o reconhecimento da cultura, da história e das experiências vividas por cada pessoa presente. Agradecimentos foram feitos às instituições, autoridades, profissionais e especialmente às pessoas idosas, “razão e inspiração desta conferência”. A declaração oficial de abertura feita pela presidente Ana Paula Benetton, reforçou o compromisso com a construção de políticas públicas mais inclusivas para todas as gerações.
Durante o evento, foi feita a leitura do regimento interno, realizadas palestras temáticas e a escolha dos delegados que representarão o município na Conferência Estadual dos Direitos da Pessoa Idosa.
Um panorama do envelhecimento no Brasil
O encontro também jogou luz sobre o cenário atual do envelhecimento no país. O Estatuto da Pessoa Idosa garante direitos fundamentais como saúde, transporte, moradia, lazer e proteção. No entanto, os desafios são crescentes. Dados do IBGE de 2022 revelam que quase 15% dos idosos moram sozinhos, o que aumenta os riscos de isolamento social e vulnerabilidade. Além disso, 1 em cada 5 ainda trabalha, principalmente por necessidade financeira, e a aposentadoria continua sendo a principal fonte de renda.
O Brasil vive uma transição demográfica acelerada. Enquanto em países europeus esse processo levou um século, no Brasil ocorrerá em cerca de 30 a 40 anos. Em 2023, o país atingiu 32 milhões de pessoas idosas, representando aproximadamente 15% da população total, e as projeções indicam que, em 2025, 1 em cada 3 brasileiros terá mais de 60 anos, superando a população de crianças de 0 a 14 anos.
A conferência reafirmou o papel central das políticas públicas voltadas à pessoa idosa, com programas como o Benefício de Prestação Continuada (BPC), Centros de Referência (CRAS/CREAS), atendimento prioritário no SUS e ações locais que visem o envelhecimento ativo, saudável e com dignidade.
A 4ª Conferência Municipal foi, acima de tudo, um chamado à ação: para que o envelhecimento seja reconhecido como uma fase de direitos, participação e valorização – e não de invisibilidade.
