Por Loui Jordan

Em meio à chegada das poucas vacinas no Brasil, parece que uma luz no fim do túnel foi avistada, no entanto, o cenário atual continua muito grave. Além da propagação do vírus aumentar e mais brasileiros infelizmente virem a óbito, o mini caos gerado pelos problemas econômicos que assolam o país e a dificuldade que muitas das entidades políticas demonstram em termos de gerenciamento da engenharia social, fazem com que o tecido social fique em total desarmonia.

Em outras palavras, boa parte da população brasileira está preocupada e outra parte está emitindo comportamentos inconsequentes, mais do que isso, os governantes estão com inúmeros pontos de interrogação na cabeça. Contudo, mesmo que o desempenho e a performance do Brasil estejam consideravelmente ok em relação ao combate da covid-19 (23º país com mais mortes por milhão de habitantes), um estado de anomia, como já descreveu o sociólogo francês, Durkheim, em termos de comportamento no campo social, pode ser possível de estar bem próximo. Uma ocorrência que pode acontecer e que viabilizaria essa quase iminente anomia, é a greve dos caminhoneiros.

Estado de anomia e greve dos caminhoneiros…

Antes de mais nada, sendo bem sucinto, o conceito de anomia se estrutura na ideia prática da fraqueza dos vínculos sociais, seguido da perda da capacidade da sociedade regular o comportamento dos indivíduos. Vale pontuar que esse estágio social, digamos assim, é sempre acompanhado de uma crise e normalmente tem rápida duração. Isto posto, no que tange os processos institucionais políticos, essa anomia talvez não ocorra, mas no que concerne o discurso político e as reações da massa, é perfeitamente possível o estado de anomia ser instalado sorrateiramente, se é que a sociedade brasileira já não se encontra nele, entretanto, por prudência é apenas um possível indicativo realista.

Bom, você pode se perguntar, onde a greve dos caminhoneiros entra nisso tudo? Bem, o Governo Federal, capitaneado pelo Presidente, Bolsonaro, abaixou o imposto de pneus e vai zerar a tarifa de importação dos mesmos. Porém, existem mais solicitações dessa categoria social, uma delas é o reajuste do piso mínimo do frete. De acordo com presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, o reajuste não agrada nem um pouco. “Colocaram só em 2,51% de reajuste, isso é brincar com a categoria, é chamar a gente de palhaço”, disse. “A gente queria saber onde que a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) arrumou esse cálculo de 2,51%; não fizeram a pesquisa no mercado para saber quanto está o preço do pneu, dos insumos para o caminhão”, declarou o mandatário da Abrava que segue conversando com representantes e todos aqueles interessados e ligados nessa ceara. (Fonte: Revista Digital Época Negócios).

Resumo da ópera, os reajustes feitos pelo governo não são e muito menos serão suficientes, haja vista que o transporte de contêineres carregados de pneus da Ásia para o Brasil aumentou a partir do último semestre do ano passado, 2020. Ademais, para o bom uso da política, evitar o prenúncio quase inevitável, passa por uma negociação bem costurada e pelo atendimento das reinvindicações dos caminhoneiros em suas totalidades e de forma a preparar o mercado e a indústria, afinal de contas, um planejamento bem acertado em suas minúcias, é um alicerce necessário, inclusive o cumprimento desse plano para se evitar não só futuras greves, mas também um desabastecimento industrial e uma desvalorização mais abundante na categoria.

Por fim, para se evitar um quadro mais crítico, é bom que a política nacional tenha como frente o combate massivo ao Novo Coronavírus e claro, fique muito atenta aos sinais e alertas dos caminhoneiros que já começam aos poucos ecoar na sociedade como forma de prelúdio para um estado de anomia. Que os agentes políticos saibam orquestrar uma política portentosa, antes que o mini caos se torne uma neurastenia.

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