
Quinze anos após um crime que chocou Três Pontas e toda a região, o julgamento do principal acusado pela morte brutal de uma adolescente de apenas 16 anos, que estava grávida dele, foi remarcado para a próxima quinta-feira (31), no Fórum Dr. Carvalho de Mendonça. O júri popular já foi adiado duas vezes, mas agora há a expectativa de que finalmente aconteça, reacendendo a comoção pública e o clamor por justiça.
O homem, hoje com 35 anos, foi denunciado formalmente pelo Ministério Público de Minas Gerais como o mentor de um plano cruel, arquitetado com a participação de uma amiga da vítima e de seu próprio irmão — ambos menores de idade na época dos fatos.
Tais Alves Carolino foi atraída para uma emboscada no dia 12 de fevereiro de 2010, sob o pretexto de um simples encontro. O que ela não sabia era que estava sendo traída por alguém em quem confiava, a mando do homem que se recusava a reconhecer a gravidez e assumir o filho que ela esperava.
A adolescente foi convencida por sua amiga a ir até a Praça do Cemitério, onde, supostamente, encontrariam dois rapazes “desconhecidos”. No local, por volta das 20h30, a vítima se deparou com o rapaz e o irmão dele. Surpresa e assustada, Tais ainda tentou questionar a amiga, mas foi novamente convencida a seguir com eles, sob o argumento de que seria apenas uma conversa. Todos entraram em uma caminhonete Ford Pampa e seguiram pela Rodovia MG-167, no sentido Três Pontas – Varginha.
O carro saiu da rodovia por uma estrada de terra nas proximidades do km 32, onde estacionaram em um local isolado, às margens do Ribeirão da Espera. Ali, começou uma sequência de agressões brutais que duraria cerca de vinte minutos. A jovem foi espancada com extrema violência, sem qualquer chance de defesa.
Em uma cena de crueldade inimaginável, a amiga de Tais, incentivada pelos outros dois, usou um espeto de madeira para feri-la. O mesmo instrumento foi utilizado pelos demais agressores. A jovem foi perfurada repetidamente — ainda viva — em diversas partes do corpo, inclusive em regiões extremamente sensíveis, como a planta do pé, a nádega e a região próxima ao ânus. A intenção, segundo o Ministério Público, era clara: não apenas matá-la, mas fazê-la sofrer.
Após a barbárie, os criminosos arrastaram o corpo da adolescente até o ribeirão e o jogaram na água, na tentativa de ocultar o crime. O cadáver de Tais foi encontrado dez dias depois, em avançado estado de decomposição.
A motivação para o crime, segundo a denúncia, foi torpe: o acusado não queria assumir a paternidade do bebê que a adolescente esperava. Para consumar o plano, ele teria oferecido R$ 500 a uma das menores envolvidas — R$ 300 para atrair a vítima e outros R$ 200 como pagamento pela ajuda na execução.
O assassinato de Tais não foi apenas um feminicídio. Foi a execução cruel de uma jovem grávida, traída por uma amiga, encurralada por covardes e morta de forma sádica por um homem que se recusou a assumir a responsabilidade por uma vida que ele mesmo ajudou a gerar.
O caso, que voltou à tona com o agendamento do júri popular, expõe não só a brutalidade do crime, mas também o retrato da violência extrema cometida contra mulheres e adolescentes. Agora, a cidade aguarda com grande expectativa o julgamento, que poderá pôr fim a uma espera dolorosa de mais de uma década por justiça.
