
Além da retirada da mão inglesa, estudos avançam para reestruturação viária nas ruas Carvalho de Mendonça, Marques de Abrantes e Frederico Meimberg, entre outras, com previsão de novas rotatórias e implantação da Zona Azul no Centro
O trânsito em Três Pontas vem passando por uma série de mudanças planejadas pela Secretaria Municipal de Transportes e Obras. As ações visam melhorar a mobilidade urbana, garantir mais segurança e fluidez no tráfego e não têm como objetivo a geração de receita para os cofres públicos nem a criação de uma “indústria de multas”. As transformações são fruto de estudos técnicos realizados por especialistas, levando em conta o crescimento da cidade e o número cada vez maior de veículos que circulam em ruas antigas, que não foram projetadas para a atual demanda.
Durante entrevista ao programa Passando a Limpo, o secretário Alisson Silveira esclareceu diversos pontos sobre as obras, alterações no tráfego e os planos futuros. Ele reconheceu que toda mudança gera desconforto, mas ressaltou que o foco é beneficiar a maioria da população, com um trânsito mais seguro e eficiente.
Todos tem responsabilidade: falta empatia no trânsito
O secretário reconheceu que a missão de reorganizar o trânsito da cidade é árdua, e que os problemas são complexos e multifatoriais. “O trânsito é problemático, todos têm uma parte de culpa. Falta empatia. Motoristas estão cada vez mais impacientes, pedestres atravessam em qualquer lugar e motoristas e motoqueiros não respeitam a travessia dos pedestres. É preciso mais cooperação, se queremos uma cidade melhor”, afirmou.
Alisson reforçou que a Prefeitura tem feito sua parte na melhoria da sinalização em diversos pontos da cidade e que esse trabalho vai continuar. A falta de sinalização adequada contribui para muitos dos conflitos no trânsito e corrigir isso é uma prioridade.
Mudança na Praça da Fonte foi baseada em dados e segurança
Uma das alterações que gerou maior repercussão foi o fechamento do contorno da Praça da Fonte, conhecida como “mão inglesa”. A medida foi adotada após estudo técnico que mostrou que, em média, apenas 8 veículos por hora utilizavam o trajeto. Com o novo esquema, esses veículos passam a circular 120 metros a mais, contornando a praça de forma convencional. Com a nova concessão do transporte coletivo, Três Pontas agora conta com 8 linhas, sendo 7 urbanas e uma para o Pontalete, via Distrito do Quilombo Nossa Senhora do Rosário. Os ônibus deixaram de parar na Travessa Manoel Rabelo, onde precisavam ficar estacionados na porta de garagens e atrapalhando estabelecimentos comerciais, além de oferecer risco de atropelamento aos pedestres.
O novo traçado busca atender aos princípios da pirâmide da mobilidade urbana, priorizando pedestres, ciclistas e o transporte coletivo. Multas sempre foram aplicadas pela Polícia Militar.
*Mudanças são baseadas em estudos técnicos e integra pacote de melhorias no trânsito, que inclui mais sinalização, Zona Azul e vias com sentido único, visando o bem coletivo, garante secretário Alisson Silveira
Multas já eram aplicadas pela Polícia Militar
Outro ponto importante esclarecido pelo secretário é sobre as multas de trânsito. Muitos moradores associaram as recentes autuações à atuação da Guarda Civil Municipal, que só começou a emitir multas no início de abril. No entanto, Alisson destacou que as infrações que vinham sendo registradas até então foram todas aplicadas pela Polícia Militar, que sempre teve autorização para fiscalizar e multar com base no Código de Trânsito Brasileiro, através de convênio com a Prefeitura.
“Não se trata de criar uma fábrica de multas, mas há atitudes que não podem ser toleradas, como estacionar sobre faixas de pedestres, desrespeitar vagas de idosos e deficientes, parar em fila dupla ou em esquinas. Quando não há respeito, infelizmente, é necessário agir com firmeza”, afirmou. Segundo ele, enquanto não mexer no bolso, muitos condutores não mudam suas atitudes.
Zona Azul será implantada via concessão
A cidade também está se preparando para implantar um sistema de estacionamento rotativo, a chamada Zona Azul. Um estudo técnico foi conduzido por um consultor especializado em mobilidade urbana, apontando a necessidade de aproximadamente 1.100 vagas na área central da cidade, abrangendo locais como na região do Pronto Atendimento, APAE e até no Ginásio Poliesportivo Aureliano Chaves.
O projeto de lei já está na Câmara Municipal e, caso aprovado, permitirá que o serviço seja concedido a uma empresa, por meio de licitação. O sistema será operado por aplicativo e incluirá monitoramento por câmeras móveis, permitindo maior controle e rotatividade nas vagas, especialmente nas regiões comerciais. O valor da tarifa ainda será definido, mas a empresa vencedora será responsável também por toda a sinalização horizontal e vertical.
“O estudo foi técnico, não é achismo. E se após implantação for necessário ajustar a área ou o número de vagas, isso será feito”, garantiu o secretário.
Sentido único e novas rotatórias
Outra frente de mudanças está na transformação de ruas com mão dupla para sentido único, com o objetivo de melhorar o fluxo e criar mais espaço para estacionamento. A Rua Barão da Boa Esperança, por exemplo, agora segue sentido único, do PAM até a Praça do Pirulito. A Rua Agnelo Araújo, logo abaixo, também teve sentido alterado após estudos que indicaram ser a melhor solução para o tráfego intenso, causado pela presença de clínicas, comércios e a APAE.
Estão em análise também a mudança de sentido na Rua Dr. Carvalho de Mendonça e Rua Espírito Santo, além de estudos em vias como Rua Santana, Avenida Juvenal Corrêa de Figueiredo, Rua Frederico Meimberg e Marquês de Abrantes.
Diversas rotatórias estão previstas para desafogar o trânsito em pontos estratégicos, substituindo semáforos. Há projetos para a região do Trevo da Fiat, cruzamento da Avenida Ipiranga com Oswaldo Cruz, em frente ao Supermercado Moacyr II, na Cocatrel Laticínios (bairro Antônio de Brito) e futuramente na Marques de Abrantes.
Faixas elevadas e participação popular
O secretário também comentou sobre as faixas elevadas de pedestres, que custam entre R$ 6 mil e R$ 7 mil só em asfalto, além da sinalização. Algumas precisarão de ajustes para reduzir o impacto, e novas faixas estão sendo avaliadas conforme a demanda popular.
Para solicitar, é necessário conversar com vizinhos, coletar assinaturas em um abaixo-assinado e protocolar o pedido na Prefeitura, incluindo a localização da passagem. O secretário reforça que, apesar dos pedidos, nem sempre os moradores querem a faixa na frente de casa ou do comércio, por isso, o morador precisa aceitar a faixa na frente de onde mora.
Conclusão
As mudanças no trânsito de Três Pontas não são decisões pontuais ou improvisadas. São parte de um planejamento técnico, que envolve dados, análises e um esforço para adaptar a cidade à nova realidade de crescimento urbano. “Queremos uma cidade melhor para todos. Mas é preciso colaboração: pedestres, motoristas e motociclistas precisam agir com empatia e responsabilidade”, concluiu Alisson Silveira.
