A 26ª Expocafé começou nesta quarta-feira (17), no Campo Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) em Três Pontas. Em parceria com diversas instituições, o evento deste ano que traz a oportunidade de conhecer novidades em maquinários de grande e pequeno porte e em insumos apresentadas por 145 expositores, atraiu diversas autoridades na cerimônia de abertura.
A Expocafé é palco de noticias boas. A principal delas é que mais de 99% das propriedades mineiras de café não apresentam evidências de desmatamento. Este é um dos destaques do desempenho de sustentabilidade da cafeicultura em Minas, apresentado pelo vice-governador, Professor Mateus Simões. A fala dele repercutiu nos discursos das demais autoridades, como do deputado federal Diego Andrade (PSD-MG).
Os números estão disponíveis na plataforma SeloVerde MG, desenvolvida pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), por meio de Acordo de Cooperação Técnica com o Instituto Estadual de Florestas (IEF).
A partir do cruzamento das informações inseridas no banco de dados da plataforma, foi possível analisar a situação das propriedades em relação à sustentabilidade da produção cafeeira no estado. O estudo envolveu 115.028 propriedades e evidenciou que nenhum tipo de desmatamento foi feito a partir de 22 de julho de 2008, data-limite estabelecida pelo Código Florestal para autuações de infrações ambientais.
A maior alegria é poder dizer que Minas, acrescenta o vice governador, não é só o principal produtor de café do mundo, responsável por 20% da produção mundial, mas também produtor de café sustentável, verde. “Além de termos a certeza de que mais de 99% da cultura cafeeira não apresentam evidências de desmatamento, Minas Gerais tem mais de 300 mil hectares excedentes em área de preservação nas fazendas de café. Isso é motivo de muito orgulho”, comemorou.
De acordo com Professor Mateus, os resultados alcançados geram inúmeros benefícios para toda a cadeia. “O produtor rural será melhor remunerado, movimentando a economia de Minas Gerais. Hoje, o café não está presente apenas no Sul do estado, ele está em todas as regiões”, explicou.
O secretário de Estado de Agricultura, Thales Fernandes, divulgou que 78% da área do Estado é coberto por propriedades rurais, representando 46 milhões de hectares. Destes, 17 milhões são cobertas por vegetação remanescentes, 37% a mais obrigatório da reserva legal. Fora do bio-amazônico Minas Gerais é o Estado que mais preserva o meio ambiente, mas não divulga isso. “Precisamos mostrar que a agropecuária e agricultura, como o café, a soja, a cana de açúcar, entre outras culturas é sustentável”, ressalta Thales. Se dirigindo a secretária de Meio Ambiente Marília Carvalho, ele afirma que o trabalho que tem sido feito é de sinergia e aproximação com o meio ambiente, para caminhar juntos e mostrar esta unidade para que produtor rural tenha esta segurança para produzir. Os resultados demonstram que o café produzido em Minas Gerais não é oriundo de desmatamento, além de apresentar outros indicadores de sustentabilidade, como o excedente de mata nativa nas propriedades.
Toda a cadeia do café, do produtor ao consumidor final, deve se beneficiar dessa análise sobre a origem sustentável e livre de desmatamento do café produzido em Minas Gerais, em um contexto de novas exigências para a importação de commodities agrícolas aprovadas pelo Parlamento Europeu, mais restritivas em relação à compra de produtos oriundos de áreas desmatadas.
“Esse resultado, de 99% de propriedades legalizadas, é muito importante. A sustentabilidade da cafeicultura mineira tem que ser divulgada para o mundo, que precisa saber que nosso café é sustentável porque nós temos um café realmente verde. Isso deve fortalecer ainda mais as exportações”, afirmou o secretário Thales Fernandes, lembrando que os embarques internacionais de café bateram novo recorde em 2022.
A solenidade marcou também a assinatura da Portaria Conjunta 1/2023, reconhecendo a ferramenta desenvolvida em parceria com a UFMG – plataforma SeloVerde MG – como instrumento para subsidiar políticas públicas de rastreabilidade e transparência das cadeias produtivas agropecuárias. O documento é assinado pelo secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Thales Fernandes, e da secretária executiva da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Valéria Cristina Rezende.
Certifica Minas Café
Outro destaque da abertura da Expocafé é a entrega de selo de certificação a sete cafeicultores e uma cooperativa, por meio do programa estadual Certifica Minas Café. A política pública do Governo de Minas estimula a adoção de boas práticas na produção de café, seguindo critérios de sustentabilidade socioeconômica e ambiental, além de trabalhar melhorias na produtividade e na qualidade do grão.
Coordenado pela Secretaria de Agricultura e executado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) e pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), o programa é o primeiro selo de certificação de propriedades cafeeiras no Brasil emitido por uma instituição governamental.
Os produtores receberam seus certificados das autoridades. Antônio Afonso de Souza (Sítio Córrego da Cava); Antônio Alfredo Rodrigues e Família (Fazenda Engenho); Antônio Lúcio Gomes Santos Júnior (Fazenda Algodão, Fazenda Ponte Alta, Fazenda Trocadeiro e Fazenda Santa Rita); Carmem Lúcia Chaves e Família (Fazenda Caxambu e Fazenda Aracaçu); Gláucio Piedade Vilela (Espólio de Ésio Miranda Vilela, Fazenda Candeias); Marco Valério de Araújo Brito (pelas fazendas Córrego do Moinho e Fazenda Pontalete); Patrícia Pinto Nogueira Frota (representada pela filha Luisa Nogueira- Fazenda Baixadão.
Ocuparam a mesa – Vice governador de Minas Gerais, Professor Mateus Simões, o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais Thales Fernandes, a secretária de Meio Ambiente de Minas Gerais Marília Carvalho de Melo, diretora presidente da Empresa de Pesquisa e Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) Nilda Ferreira Soares, deputado federal Diego Andrade, prefeito de Três Pontas Marcelo Chaves Garcia, presidente da Cocatrel Marco Valério Brito, vice reitor da Universidade Federal de Lavras (Ufla) Professor Valter Carvalho de Andrade Júnior, líder do Bloco Minas Em frente, o deputado estadual Cássio Soares, o deputado estadual Dr. Maurício, o prefeito de Boa Esperança e vice presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM) Hideraldo Henrique Silva, o deputado estadual Mário Henrique Caixa, diretor presidente da empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) Otávio Maia, diretor geral do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) Antônio Carlos de Moraes, diretor geral do Departamento de Estradas e Rodagem (DER-MG) Rodrigo Tavares, presidente da Federação da Agropecuária de Minas Gerais (Faemg) Antônio Pitangui de Salvo.
Evento segue até sexta-feira
O evento, que segue até a sexta-feira (19), tem como atrações exposição de máquinas, palestras e plantões técnicos, dinâmicas de máquinas, Expocafé Mulheres e atividades nos espaços Aroma e Sabores e Produtor Inovador. Dentre os destaques da feira estão as máquinas de pequeno porte, adaptadas inclusive para o manejo na cafeicultura de montanha ou em lavouras familiares, e os drones voltados para a pulverização.
A programação técnica da Expocafé teve início na terça-feira (16), com a realização do 12º. Simpósio de Mecanização da Lavoura Cafeeira, evento que antecedeu a abertura oficial. “Nossa intenção ao escolher a véspera foi, justamente, ter um dia dedicado exclusivamente às discussões técnicas. E optamos pelo tema mecanização, porque esta é a espinha dorsal da feira desde sua criação em 1998”, afirma o professor da Universidade Federal de Lavras (Ufla), Fábio Moreira, um dos coordenadores do evento.
O coordenador técnico da Expocafé, César Botelho, conta que a programação desta edição busca agregar temas que atendam a demandas emergentes. “Optamos por assuntos atuais e de relevância para os cafeicultores, que vão além da mecanização”. O diretor de Operações Técnicas da Epamig, Trazilbo de Paula, também destacou a atualidade dos conteúdos abordados pelo Simpósio. “Trata-se de um evento prático, que é voltado para a realidade do cafeicultor”.