Por Loui Jordan
Como disse certa vez o antropólogo evolucionista da Universidade de Oxford, Robin Dunbar, “somos intensamente sociais, assim como todos os macacos e símios”. No entanto, mesmo com a evolução humana sendo pautada por relações sociais, cabe a pergunta: por que, mesmo diante de um cenário pandêmico caótico, os jovens insistem em aglomerar? Bom, uma das possíveis respostas está na cultura comportamental desse grupo, um grupo aliás que quer mais aparecer, do que ser.
Se tratando de política, o comportamento é um elemento fundamental para compreender o percurso de uma nação. Dito isso, existem fatores que podem ser usados em defesa dos jovens, mas que não atenuam o comportamento inconsequente dos mesmos. Primeiro de tudo, a questão socioeconômica tem peso, além disso, o confinamento tende a ser prejudicial psicologicamente, fora o vício desses jovens em viver em bando e serem dependentes de grupos que se aglomeram para “esfriar a cabeça”, mais do que isso, o cenário político não ajuda, por exemplo, o Presidente da República serve de modelo aos jovens frente a pandemia?
Feito essa pequena divulgação de possíveis justificativas que os jovens possuem, é o momento de ir no cerne da questão. A maioria dos jovens não resiste à aglomeração e renuncia sua participação no combate à pandemia, porque estão condicionados a resolver problemas afogando-os em noites intensas de conversas frívolas, músicas altas que não transmitem mensagem alguma e no velho e bom álcool, em suma, buscam apenas diversão, suspensão temporária de responsabilidade e claro, distrair a cabeça.
Em última instância, o jovem quer mesmo viver “lá vida loca”, querem beijar na boca antes que o mundo acabe, querem viver tudo na intensidade, antes que o tempo deles acabe, no fundo, querem aproveitar todo minuto como se fosse o último, desejam esquecer a semana ruim que se passou em um sábado festivo. São inflacionados pelas redes sociais, onde todos são felizes, bonitos e saudáveis, vivem em um mundo à parte.
Por falar em rede social, ela seria e ainda pode ser importante nesse momento crítico, mas o jovem gosta do desafio, gosta do “escondido é mais gostoso”, por isso, abraços à distância, não colam. A resposta que eles vão procurar, é que boa parte disso é hipocrisia e que eles têm que aproveitar a vida, ainda mais nesse momento, afinal, ninguém sabe o dia de amanhã.
Contudo, essa é uma análise de cunho sócio-filosófico, não se trata necessariamente de achar que indivíduos com esses pensamentos e comportamentos descritos acima, são alienados ou que são pessoas de um mau gosto, nada disso, trata-se apenas de uma observação onde o jovem está cada vez mais preso em sua gaiola comportamental, cada vez mais caricato e menos empático. Essa geração que prefere postar, do que se responsabilizar, está mais preocupada com seu narcisismo do que com o compartilhamento de sensatez.
Por fim, o jovem está cada vez mais vivendo no automático e está se cansando do mundo muito facilmente. Eles são fundamentais para conter o avanço gradual da pandemia, mas pelo visto, a maioria está mais propensa a aceitar um convite para um “bailão”, do que para colaborar, evitando aglomeração. Robin Dunbar, deixa o recado, a espécie Sapiens sempre foi vocacionada a socialização, agora ainda mais, entretanto, socializar ideias para o bem coletivo. “Dependemos da cooperação em grupo para resolver os problemas da sobrevivência cotidiana e da reprodução bem-sucedida. Essa é a adaptação dos primatas, acima de tudo”.