Por Loui Jordan
O Estado de Minas Gerais não terá ponto facultativo no período de Carnaval em 2021. Bem, embora dois errados não façam um certo e a decisão tenha sido lúcida e sensata, para aqueles que enchem a boca pra falar que boa parte da população foi inconsequente e não fez bom uso de sua consciência para evitar aglomerações nas festividades do Natal e do Réveillon, cabe a seguinte pergunta: por que o Estado de Minas Gerais não cancelou o Carnaval 2020, já que este evento foi um dos grandes disseminadores do Novo Coronavírus no país?
Bom, não tem explicação, trata-se de uma incoerência na tomada de decisão política. É óbvio, os defensores dos Estados vão dizer que o vírus não havia aterrissado em solo nacional na ocasião, e mais, vão alegar que por uma questão, de fato econômica, era e foi importante manter o Carnaval 2020 no calendário. O maior problema é o que acontece depois, os casos da covid-19 começam a pipocar no Brasil, curiosamente após as festividades carnavalescas.
Mais do que isso, os Estados e o Governo Federal passaram a colocar suas decisões errôneas na conta dos municípios e consequentemente dos munícipes, adotando um discurso que responsabiliza apenas os cidadãos como sendo aqueles dos quais a consciência está em falta. Dentro dessa narrativa, é fácil constatar uma enorme hipocrisia nesse enredo de carnaval. Pode causar a impressão que o Estado sempre esteve certo e é um “Gentleman” quando o assunto é consciência, mas não, assim como os cidadãos possuem suas responsabilidades, não se deve ausentar os estados e o Governo Federal das mesmas.
As eleições de 2020 estavam imunes ao vírus?
Por falta de planejamento e estratégia ou não, é também uma hipocrisia vincular o crescimento de casos do coronavírus apenas às festividades de fim de ano e as eleições pelo Brasil não entram na conta? É mais uma vez a tentativa de culpar apenas um lado, o lado do povo que tem que trabalhar e beber uma cervejinha no final de semana para se esquecer o país hipócrita que o rege.
A tendência é que o Estado faça o possível para tentar “adestrar” o comportamento do pagador de impostos, desde que, isso não dê prejuízos ao próprio Estado, afinal de contas, a política do que convém e do que não convém, impera no país. No fundo, no fundo, vai sobrar sempre para o povo pagar, na maioria das vezes ninguém é santo nessas histórias, mas uma coisa é certa, responsabilizar somente a população é hipocrisia pura.
Por fim, com o discurso de evitar aglomerações e desacelerar o contágio do vírus, o carro abre-alas do Estado entrará no sambódromo. A fantasia já sabemos qual será, colocar tudo na conta da população e argumentar que está fazendo o possível para conter o vírus, mas para “obrigar” o cidadão a sair de casa e encarar uma fila pra votar ou quem sabe colocar uma prova “simples” como o ENEM em janeiro, aí não tem problema, são apenas “circunstâncias do atual cenário”.