Estiagem, fez que estimativa que era de 500 mil sacas cair para 450 mil
Denis Pereira – A Voz da Notícia
A safra 2014 de café da região produtora de atuação da Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Três Pontas (Cocatrel), já tem uma quebra de pelo menos 10% em relação à expectativa, o que também reflete o quadro de toda a região do Sul de Minas. A avaliação é do gerente do Departamento Técnico da cooperativa Roberto Felicori (foto).
Os números sobre a colheita para este ano batem com a Conab, é ouvido para formar. Percebe que o produtor deixou de investir nos últimos dois anos, aumentou a poda, o que ocasionou uma diminuição da bianualidade do café. “A lavoura que vai dar menos café, o produtor está podando, situação que reduz a produção no total”.
Em janeiro, Felicori relata que na região da Cocatrel choveu apenas entre 28 e 98 milímetros, sendo apenas 30mm em Três Pontas. No mesmo período do ano passado, choveu mais de 200 mm. “E essas chuvas além de serem só pancadas ainda foram irregulares”, disse. O momento agora é crucial para a safra 2014, o que a água da chuva as perdas vão se agravar. “A fase é de expansão do fruto, em que se precisa de muita água, que vai determinar a peneira do café”, caracteriza.
O que ameniza o quadro até agora é que choveu bastante no inverno, 27 dias, afirmou Felicori. Havia reserva de água, assim, até a semana passada o quadro ainda parecia bom nos cafezais. Mas, essa semana o cenário mudou e as perdas já são evidentes. “Às 06 da manhã a temperatura é de 18 graus, e às 06 da tarde de 34 graus. Isso é péssimo pro café”, comenta, referindo-se à elevada amplitude entre mínima e máxima no dia.
Com o clima seco e quente, Felicori diz que os grãos vão ficar mais miúdos e assim a quebra de safra é inevitável. Normalmente, são necessários 400 a 500 litros para uma saca, e esse ano serão necessários de 550 a 600 litros, indica. Antes, esperava-se uma safra na região da Cocatrel próxima a de 2013. Em Três Pontas, estimava-se uma produção em torno de 500 mil sacas, mas agora esse número já deve ficar mais para 450 mil.
Ainda não houve uma redução de área, por que houve alguns plantios, erradicação de lavouras velhas, pois muitas estão realmente necessitando. São 22 mil hectares de área em produção, com uma média em torno de 25 a 27 sacas de café por hectare.
Sobre a melhora no preço, apesar de um pequeno sinal de melhora nos últimos dias, o engenheiro agrônomo afirma que o produtor ainda está temeroso, vende abaixo de custo, por isto está reduzindo os investimentos, com medo de descapitalizar ainda mais.
Os reflexos na Cocatrel são notáveis, por exemplo, na venda de insumos e fertilizantes. Vem desde 2012, no ano seguinte também. E apesar de ainda não ter fechado o levantamento ele adianta que cerca de 30% a menos foi comercializado.
Os números do café
A primeira estimativa para a produção da safra cafeeira (espécies arábica eco ilos de café beneficiado. O resultado representa, desde uma redução de 5,4%, a um crescimento de 2,02 %, quando comparado com a produção de 49,15 milhões de sacas obtidas no ciclo anterior.
O café arábica representa 75,1% da produção total (arábica e conilon) de café do país. Para a nova safra que é de ciclo de alta bienalidade, estima-se que sejam colhidas entre 35,07 e 37,53 milhões sacas. Tal resultado representa uma redução de a 1,98% a 8,38%. que se deve, principalmente à redução 61.105,9 hectares da área em produção, inversão da bianualidade em algumas regiões, aliados ao menor investimento nas lavouras, reflexo da descapitalização dos produtores, decorrente dos baixos preços do café.
A produção do conilon, estimada entre 11,46 e 12,62 milhões de sacas, representa um crescimento entre 5,46 e 16,15%. Este resultado se deve, sobretudo, à recuperação da produtividade, que na safra anterior sofreu com a forte estiagem, e ao crescimento da área em produção, principalmente no estado do Espírito Santo, maior produtor da espécie conilon. Com este resultado nesta nova safra, quebra-se a tendência de crescimento da produção que, desde a safra 2005, vinha se observando nos ciclos de alta bianualidade, inclusive ficando abaixo da última safra que foi de baixa.
A área total plantada com a cultura de café (espécies arábica e conilon) no país totaliza 2.282.619 hectares, 1,25% inferior à área colhida na safra passada e corresponde a uma redução de 18.980 hectares. Desse total, 327.299,7 hectares (14,34%) estão em formação e 1.955.319,3 hectares (85,66%) estão em produção.
Em Minas Gerais está concentrada a maior área com 1.238.270 mil hectares,
predominando a espécie arábica com 98,87% no estado. A área total estadual representa 54,25% da área cultivada com café no país.
No Espírito Santo está a segunda maior área plantada com a cultura cafeeira, totalizando 489.796 hectares, sendo 310.420 hectares com a espécie conilon e 179.376 hectares com a arábica. O estado é o maior produtor da espécie conilon, com participação de 63,25% na semeada com a espécie no país.
A produção de Minas Gerais está estimada em 26.640.622 sacas de café na safra 2014, com variação percentual de 2,9% para mais ou para menos. A produtividade média do estado deverá atingir 26,4 sacas de café por hectare. Em comparação com a safra anterior, a estimativa sinaliza um recuo da produção cafeeira em 3,7%. Ressaltamos que, embora a expectativa inicial de produção para a safra 2014 sinalizasse que seria uma safra de alta bienalidade, o levantamento inicial aponta para um cenário diferente do esperado. Esta situação de atenuação e/ou inversão da bienalidade já vem sendo objeto de análise por parte da Conab, pois o parque cafeeiro do estado não apresenta mais homogeneidade produtiva, haja vista a grande diversidade de sistemas de plantio, de variedades utilizadas, de tratos culturais específicos para cada região produtora, dos inúmeros métodos de poda e renovação, da variada idade média das lavouras, do estado nutricional de cada uma, entre outros. Neste sentido, a região da Zona da Mata nesta safra apresenta uma estimativa de redução significativa de sua produção, com uma quebra de 29,6% quando comparada com a safra anterior. Vale ressaltar que historicamente, nesta primeira estimativa, algumas fontes de informação tendem a ser bastante conservadoras em suas previsões, considerando que nem todos os frutos atuais chegarão a bom termo e ainda não há garantias de que as condições climáticas, hoje favoráveis, se estendam até que a produção projetada seja de fato irreversível. Outro fator a ser considerado se refere ao atual bom estado vegetativo das lavouras, refletindo os bons tratos culturais recebidos ao longo dos dois últimos anos, quando os preços se encontravam em patamares atrativos, o que pode impactar positivamente no quantitativo ora estimado. Lembramos que a bienalidade fisiológica das lavouras de café continua presente como característica produtiva intrínseca da cultura, no entanto, seus efeitos na estimativa global de safra acabam minimizados em razão das questões citadas.
A produção para a região do Sul de Minas está estimada em 13.734.871 sacas, apresentando um incremento de 2,9% quando comparada à safra 2013. Este aumento acabou sendo minimizado pela redução/inversão da bienalidade em alguns locais do Sul de Minas como na Serra da Mantiqueira e no Centro-Oeste, ocorrida na safra anterior. Neste sentido, cabe ressaltar que o cenário produtivo da cafeicultura da região do Sul de Minas vem mudando gradativamente nas últimas safras. Analisando a produção da região nos últimos dez anos, verifica-se que a variação entre as safras altas e baixas vem diminuindo de amplitude. Este comportamento pode ser debitado a mudanças no manejo das lavouras, com adoção de podas que não eram utilizadas e também, devido, principalmente, às questões climáticas desfavoráveis, as safras positivas ficavam aquém do potencial produtivo da região, sem sobrecarga fisiológica das lavouras. Destacamos também que ocorreu uma redução da área em produção nesta safra em torno de 2,7%, cerca de 14.000 hectares quando comparada com a safra 2013, em razão do aumento das podas dos cafezais do Sul de Minas. A produtividade média estimada para a região é de 27,0 sacas/ha, aumento de 5,7% quando comparada com a safra 2013. (Com Conab)